Amo-te, ó tarde triste, ó tarde augusta, que, entre
Os primeiros clarões das estrelas, no ventre,
Sob os véus do mistério e da sombra orvalhada,
Trazes a palpitar, como um fruto do outono,
A noite, alma nutriz da volúpia e do sono,
Perpetuação da vida e iniciação do nada...
*
Hino à “Tarde” é o soneto da consciência do fim, proximidade da morte - crepúsculo do poeta.
Escreveu In extremis, Hino à tarde e outros poemas desse nível é um grande poeta, teve alma vibrando de beleza.
Para ele era tão fácil a expressão e a palavra, escrita ou falada, que a bem dizer teve o direito de se demorar no âmbito delas, sem aprofundar uma visão de vida, a pregar o dever de ser bom, instruído, trabalhador, patriota e amar.
Com isso todos estavam de acordo e adotaram o poeta, jornalista e orador que o sabia dizer tão bem tudo o que desejava, em palavras que adentram à consciência pela emoção contida.
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Hino à tarde
(Olavo Bilac)
Glória jovem do sol no berço de ouro em chamas,
Alva! Natal da luz, primavera do dia,
Não te amo! Nem a ti, canícula bravia,
Que a ti mesma te estruis no fogo que derramas!
Amo-te, hora hesitante em que se preludia
O adágio vesperal, - tumba que te recamas
De luto e de esplendor, de crepes e auriflamas,
Moribunda que ris sobre a própria agonia!
Amo-te, ó tarde triste, ó tarde augusta, que, entre
Os primeiros clarões das estrelas, no ventre,
Sob os véus do mistério e da sombra orvalhada,
Trazes a palpitar, como um fruto do outono,
A noite, alma nutriz da volúpia e do sono,
Perpetuação da vida e iniciação do nada...
*
Hino à “Tarde” é o soneto da consciência do fim, proximidade da morte - crepúsculo do poeta.
Escreveu In extremis, Hino à tarde e outros poemas desse nível é um grande poeta, teve alma vibrando de beleza.
Para ele era tão fácil a expressão e a palavra, escrita ou falada, que a bem dizer teve o direito de se demorar no âmbito delas, sem aprofundar uma visão de vida, a pregar o dever de ser bom, instruído, trabalhador, patriota e amar.
Com isso todos estavam de acordo e adotaram o poeta, jornalista e orador que o sabia dizer tão bem tudo o que desejava, em palavras que adentram à consciência pela emoção contida.
(crítica de Paulo Hecker Filho).
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