Desde pequeno, por volta dos 8 - 10 anos, vivo isolado da maioria das pessoas, semper fui motivo de chacota para crianças cruéis cujos pais não ensinavam o mínimo de respeito pelos outros. Meus pais sempre viveram afundados no trabalho e nunca me deram atenção...e sempre fui só. Tenho duas irmãs mais novas, mas nada de mais, nunca fui próximo delas.

Enfim, não tive infância nem adolescência. Não vou dizer que nenhuma garota nunca se interessou por mim, mas como sempre fui muito magoado desde pequeno acho que nunca dei atenção pra elas, pois a grande maioria sempre fazia graça da minha cara.

Na verdade sempre desde pequeno sinto um vazio muito intenso dentro de mim. Não sei dizer ao certo, mas nunca vi sentido na vida. Para falar a verdade eu sentia quando era pequeno que estava aqui pra fazer algo de bom pro mundo, mas os baques que tomei, as mágoas, as desilusões acabaram por destruir esta vontade dentro de mim. Ao entrar para a universidade pensei que as coisas fossem mudar, ledo engano. Tive que levar a faculdade aos trancos e barrancos, e este vazio só aumentava em meu peito. Meus pais achavam ( e ainda acham) que era frescura minha, vagabundagem da minha parte por não querer encarar a vida e não querer nada com a hora do Brasil. Teve um dia durante minha vida acadêmica que estava tão mal, mas tão mal que fiquei perambulando pelas ruas de Juiz de Fora derramando lágrimas, só pensando besteiras, pensando em atrevessar uma avenida sem olhar para os lados e esperar que algum caminhão ou ônibus me esmagasse debaixo de suas rodas. Hj eu sei que se não fosse por uma mãe de um amigo da época com a qual desabafei no dia eu provavelmente nã estaria aqui hj. Naquele dia eu estava no limite.

Formei com certa dificuldade. Lá em casa a pressão era pra começar a trabalhar, mas não consegui nada (até hj, formei a quatro anos atrás) na área na qual formei. Havia garotas que tb me davam mole na faculdade, mas por algum mistério da natureza eu fingia que não era comigo, de forma inconsciente, talvez por medo de me machucar ainda mais, uma vez que sempre esperava por desprezo e humilhação por parte delas, fruto da minha infância e adolescência. Hj me arrependo, talvez pq se tivesse menos medo de me machucar na época não estaria do jeito que estou agora.

Trabalho numa empresa de consultoria em engenharia graças a um amigo de meu pai que indicou. Odeio este trabalho, e por mais que tenha mandado currículos por ai não obtive retorno, mais pela falta de conhecimento não adquirido na época da faculdade. Estou tentando estudar para concursos, mas minha cabeça ainda é a mesma do passado. O vazio ainda está lá, me assolando todos os dias, perfurando meu peito como uma faca em brasas, rasgando meu coração sem dó nem piedade. Fui diagnosticado como depressivo, e isto vem lá de trás, da época de moleque. Meus pais não levam fé nisto, fazem vista grossa e isso me magoa ainda mais, pois sinto cada vez mais que estou só neste mundo. Não vejo as coisas como as outras pessoas, estou constantemente fragilizado e por diversas vezes entrei em crise no trabalho, passando extensos minutos no banheiro em prantos (assim como agora, que estou engolindo em seco pra não me estilhaçar.

Pode parecer fraqueza para alguns, ou covardia para outros, mas só aqueles que passam por situação similar sabem como é penoso ter esta sensação constantemente. Cansei, é sério, cansei de tentar ser forte. Nada sou, e nunca serei. Desejo e não desejo a morte, e a única covardia que enxergo claramente é o medo de sentir dor ao tentar um suicídio. Esta idéia ocorre na minha cabeça frequentemente, e a única coisa que me impede é a dor que causarei aos meus pais. Se estes já fossem falecidos talvez não estivesse mais aqui escrevendo este relato.

Queria uma vez nesta vida sentir um pingo de felicidade, mas não vejo luz alguma no fim do túnel.

Agradeço a atenção.

Igor,

Se a Bíblia fosse a solução para todos os problemas vc não acha que o mundo estaria muito melhor?

A Bíblia foi escrita por HOMENS, por mais que alguns destes estivessem bem intencionados. Acorde!