Sobre as lentes progressivas, tenho a dizer o seguinte:
Para uma adaptação a elas são necessárias várias coisas: em primeiro lugar que a receita médica (prescrição de óculos) esteja correta. Em meu consultório, tenho o maior prazer de refazer o exame e pedir para o paciente conferir as minhas lentes como que está escrito na receita.Fica mais profissional e o paciente sente segurança neste procedimento. Caso a receita esteja errada, eu peço que ele volte à óptica para que ela faça nova(s) lente(s) e eu me comprometo a repor esta(s) lente(s) obtendo uma amostra grátis da empresa que tem grande interesse em me atender bem, assim ninguém fica no prejuizo. Felizmente, no meu caso, isso é muito raro. Quando os óculos são conferidos em um aparelho chamado lensômetro, os graus correspondentes ao receituário deverão estar de acordo. Existe um detalhe chamado prisma , que tem que estar dentro dos limites de tolerância. Outro detalhe é a curva base que deve ser a mesma dos óculos anteriores..A conferência não pára por aqui: é necessário que as marcas de conferência estejam rigorosamente em cima da pupila (menina dos olhos) pois se isto não ocorrer, os óculos estarão descentrados. Comparando, seria o mesmo que escutar um CD: a música é boa, foi bem gravado,o material é de primeira, mas se o furo do CD não se encaixar naquela agulha, como é que você vai ouvir? E por que isso ocorre? Porque as lentes multifocais possuem campos distintos de visão : para longe, intermediário, perto e , dos lados na parte inferior uma área de aberração (borramento) comuns a todos os multifocais. A briga da concorrência é fazer com que esta área não seja muito grande para não causar desconforto ao cliente.Além dos detalhes citados acima, é importante saber qual o tipo de armação foi indicado (armações muito pequenas não servem para determinadas lentes pois a parte para perto pode ser "decepada"). Existem no mercado, lentes para armações pequenas, é preciso saber se a armação foi feita para essa lente. Um aspecto muito importante é a inclinação da armação (aquele ângulo formado em uma armação de perfil é chamado de ângulo pantoscópico) , ele não pode ser muito aberto e nem muito fechado.É o caso de uma lupa: se você enxergar através de uma lupa sem inclinar, a visão será boa, caso você a incline, a visão vai se turvar. É o mesmo que ocorre com as lentes progressivas. Um dos momentos mais importantes da encomenda dos óculos ocorre na óptica: é a hora em que o óptico faz as medidas : a altura do centro óptico, as distâncias naso-pupilares que são marcadas para que o montador possa fazer a montagem das lentes. O laboratório recebe um bloco ( a lente é grande e do formato de um círculo). De posse das medidas, ele vai encaixar a armação neste bloco e vai cortar a lente exatamente do formato da armação, o resto ele vai jogar no lixo. Se as medidas não forem rigorosamente feitas, as marcas de conferência não ficarão nos locais adequados (uma cruz na pupila) , o que vai inviabilizar seu uso. Quando o óptico pede ao paciente para se posicionar para a tomada de medidas, ele deverá faze-la como o paciente relaxado, descontraído para saber como é o posicionamento da cabeça rotineiramente. Pessoas idosas, geralmente perdem cálcio e ficam encurvadas para a frente (cifose) , se o óptico pedir para que ela fique em "posição de sentido" como um soldado, a chance de sucesso de adaptação é zero, pois o paciente vai ter que mudar sua postura por causa dos óculos , o que lhe trará desconforto. Geralmente quando o paciente volta à óptica, uma pequena manobra consertando o posicionamento das lentes costuma resolver. O paciente deve , ele mesmo ajustar as lentes no rosto , mesmo que os óculos fiquem suspensos e dizer ao óptico que aquela posição é a melhor. Nesse instante o óptico vai pegar suas ferramentas e tentar colocar as hastes, a ponte nasal, no local mais apropriado e que dê conforto ao cliente.
Nos primeiros dias de adaptação de uma lente multifocal é comum uma certa "tonteira" ou sensação de que está balançando em um navio. Com o tempo isso passa, é preciso uma certa persistência.Recomendo que o paciente vá usando os óculos aos poucos (põe um pouquinho, tira, e assim vai). Mas preste atençâo: esta sensação de balanço é normal. O que não é correto é dizer para o paciente que "com o tempo ele vai enxergar da mesma maneira que ele enxergou no consultório". Isso não! Isto é adiar um problema que mais cedo ou mais tarde vai ser resolvido.
O melhor procedimento a ser tomado é voltar ao médico para a conferência. Eventualmente também ocorrem defeitos de fábrica (neste caso é melhor levar o caso ao consultor da empresa fabricante da marca que fará uma avaliação e dará um laudo ao solicitante).
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Sobre as lentes progressivas, tenho a dizer o seguinte:
Para uma adaptação a elas são necessárias várias coisas: em primeiro lugar que a receita médica (prescrição de óculos) esteja correta. Em meu consultório, tenho o maior prazer de refazer o exame e pedir para o paciente conferir as minhas lentes como que está escrito na receita.Fica mais profissional e o paciente sente segurança neste procedimento. Caso a receita esteja errada, eu peço que ele volte à óptica para que ela faça nova(s) lente(s) e eu me comprometo a repor esta(s) lente(s) obtendo uma amostra grátis da empresa que tem grande interesse em me atender bem, assim ninguém fica no prejuizo. Felizmente, no meu caso, isso é muito raro. Quando os óculos são conferidos em um aparelho chamado lensômetro, os graus correspondentes ao receituário deverão estar de acordo. Existe um detalhe chamado prisma , que tem que estar dentro dos limites de tolerância. Outro detalhe é a curva base que deve ser a mesma dos óculos anteriores..A conferência não pára por aqui: é necessário que as marcas de conferência estejam rigorosamente em cima da pupila (menina dos olhos) pois se isto não ocorrer, os óculos estarão descentrados. Comparando, seria o mesmo que escutar um CD: a música é boa, foi bem gravado,o material é de primeira, mas se o furo do CD não se encaixar naquela agulha, como é que você vai ouvir? E por que isso ocorre? Porque as lentes multifocais possuem campos distintos de visão : para longe, intermediário, perto e , dos lados na parte inferior uma área de aberração (borramento) comuns a todos os multifocais. A briga da concorrência é fazer com que esta área não seja muito grande para não causar desconforto ao cliente.Além dos detalhes citados acima, é importante saber qual o tipo de armação foi indicado (armações muito pequenas não servem para determinadas lentes pois a parte para perto pode ser "decepada"). Existem no mercado, lentes para armações pequenas, é preciso saber se a armação foi feita para essa lente. Um aspecto muito importante é a inclinação da armação (aquele ângulo formado em uma armação de perfil é chamado de ângulo pantoscópico) , ele não pode ser muito aberto e nem muito fechado.É o caso de uma lupa: se você enxergar através de uma lupa sem inclinar, a visão será boa, caso você a incline, a visão vai se turvar. É o mesmo que ocorre com as lentes progressivas. Um dos momentos mais importantes da encomenda dos óculos ocorre na óptica: é a hora em que o óptico faz as medidas : a altura do centro óptico, as distâncias naso-pupilares que são marcadas para que o montador possa fazer a montagem das lentes. O laboratório recebe um bloco ( a lente é grande e do formato de um círculo). De posse das medidas, ele vai encaixar a armação neste bloco e vai cortar a lente exatamente do formato da armação, o resto ele vai jogar no lixo. Se as medidas não forem rigorosamente feitas, as marcas de conferência não ficarão nos locais adequados (uma cruz na pupila) , o que vai inviabilizar seu uso. Quando o óptico pede ao paciente para se posicionar para a tomada de medidas, ele deverá faze-la como o paciente relaxado, descontraído para saber como é o posicionamento da cabeça rotineiramente. Pessoas idosas, geralmente perdem cálcio e ficam encurvadas para a frente (cifose) , se o óptico pedir para que ela fique em "posição de sentido" como um soldado, a chance de sucesso de adaptação é zero, pois o paciente vai ter que mudar sua postura por causa dos óculos , o que lhe trará desconforto. Geralmente quando o paciente volta à óptica, uma pequena manobra consertando o posicionamento das lentes costuma resolver. O paciente deve , ele mesmo ajustar as lentes no rosto , mesmo que os óculos fiquem suspensos e dizer ao óptico que aquela posição é a melhor. Nesse instante o óptico vai pegar suas ferramentas e tentar colocar as hastes, a ponte nasal, no local mais apropriado e que dê conforto ao cliente.
Nos primeiros dias de adaptação de uma lente multifocal é comum uma certa "tonteira" ou sensação de que está balançando em um navio. Com o tempo isso passa, é preciso uma certa persistência.Recomendo que o paciente vá usando os óculos aos poucos (põe um pouquinho, tira, e assim vai). Mas preste atençâo: esta sensação de balanço é normal. O que não é correto é dizer para o paciente que "com o tempo ele vai enxergar da mesma maneira que ele enxergou no consultório". Isso não! Isto é adiar um problema que mais cedo ou mais tarde vai ser resolvido.
O melhor procedimento a ser tomado é voltar ao médico para a conferência. Eventualmente também ocorrem defeitos de fábrica (neste caso é melhor levar o caso ao consultor da empresa fabricante da marca que fará uma avaliação e dará um laudo ao solicitante).
Isso é muito comum com óculos multifocais , se vc não se acostumar mesmo, irá ter q usar 2 óculos, um pra perto e uma pra longe
mas vá até a ótica e veja se todas as medidas da armação em relação a seu rosto estão corretas