obesidade é uma doença crônica que afeta cada vez mais crianças e adultos. Na última década sua prevalência aumentou 32%. Nos países desenvolvidos, onde os alimentos ricos em energia são abundantes e baratos e os estilos de vida são cada vez mais sedentários, a obesidade, há algum tempo, já é um problema significativo. Os países em desenvolvimento têm a desnutrição como um dos maiores problemas, mas a obesidade vem crescendo assustadoramente e já é também considerada uma grave questão de saúde pública. No Brasil, 40% dos adultos e 20% das crianças têm excesso de peso (Monteiro e cols.,1997).
A obesidade é acompanhada por um aumento marcante do número de células adiposas. Através da perda de peso, pode-se conseguir a diminuição no tamanho celular, mas o número de células permanece alto. O aumento do número de células é maior quando o ganho de peso ocorre precocemente do que quando se inicia mais tarde. Não se sabe ao certo se esse estímulo é nutricional, endócrino, comportamental, genético ou alguma combinação dessas associações (Waitzberg, 2000).
São vários os fatores incluídos na gênese da obesidade que se encontram ainda inconclusivos. Dentre eles, podemos destacar o papel dos macronutrientes.
Evidências epidemiológicas mostram que o aumento da ingestão de gorduras está relacionado com o aumento da obesidade (Monteiro, 1999).
Um estudo realizado no ambulatório de obesidade do hospital das clínicas da FMUSP mostra que indivíduos que procuram tratamento para redução de peso apresentam uma alimentação predominantemente hiperlipídica.
A partir de evidências clínicas e de artigos científicos, pretendemos destacar os principais efeitos da dieta do Dr. Atkins no emagrecimento e verificar suas implicações relacionadas ao bem-estar e estado de saúde, considerando o aporte de calorias e nutrientes, o perfil lipídico e o controle de fome e saciedade.
Qual o tipo de dieta mais indicado para perda de peso? Existe uma composição ideal ou mais eficiente com relação aos macronutrientes no tratamento da doença?
A dieta
A dieta do Dr. Atkins é a mais famosa das dietas pobres em carboidrato e ricas em proteína e gordura. Geralmente, as dietas com essas características apresentam de 55-65% de gorduras, 25-30% de proteínas e menos de 20% de carboidratos.
Robert Atkins é um médico cardiologista que relata ter observado os efeitos da sua dieta em pacientes cardiopatas, tendo a perda de peso como um efeito adicional. A partir de sua experiência, publicou seu primeiro livro em 1972. Após vinte anos, o autor atualiza alguns conceitos e publica “A nova dieta revolucionária do Dr. Atkins”.
O autor sugere que existe uma “vantagem metabólica” da proteína com relação ao carboidrato, sendo assim o indivíduo poderia emagrecer independentemente da in-gestão calórica.
Em uma revisão bibliográfica sobre os vários tipos de dieta, Freedman e cols. (2001) demonstram que dietas hipocalóricas, independentemente da distribuição dos macronutrientes, resultam em perda de peso. Em outro estudo, Wing e cols. (1994) discutem a melhora do controle glicêmico e diminuição da resistência a insulina como um reflexo do emagrecimento, em qualquer tipo de dieta. RaeiniSarjaz e cols. (2001) afirmam que restrição calórica é importante para melhora do perfil lipídico.
Quanto à perda de peso, pode-se dizer que, sem dúvida, o que vale em uma dieta são as calorias totais.
A dieta Atkins não restringe calorias, mas com a proibição dos carboidratos a alimentação fica restrita, sendo assim, como outras dietas da moda, acaba se tornando monótona e talvez por isso hipocalórica, o que vem a favorecer a perda de peso.
Atkins considera o carboidrato como grande vilão pelo fato de favorecer o aumento da insulina. A insulina seria responsável por um maior acúmulo de gordura, maior retenção hídrica, aumento de triglicérides e maior risco de doenças cardiovasculares.
A hiperinsulinemia realmente aumenta a captação de nutrientes, inibe a lipólise e favorece um aumento no tamanho dos adipócitos, e está amplamente relacionada com a obesidade. A discussão ainda permanece, mas não se sabe ao certo se a elevação dos níveis de insulina é causa ou reflexo do sobrepeso (Frost et al, 2000; Felig et al.).
Por outro lado, Schwartz (2000), analisando estudos experimentais, coloca que a insulina tem uma função essencial no SNC para o controle da fome e saciedade, gasto energético e regulação da leptina.
Além disso, o potencial de elevação de glicemia/insulinemia não está simplesmente relacionado à ingestão de carboidratos, mas sim, ao tipo de carboidrato (simples ou complexo), à composição da alimentação (proteínas, fibras) e ainda a outros estímulos, como, por exemplo, presença de gordura saturada.
A dieta Atkins propõe uma drástica redução na ingestão de carboidratos que varia de 15 a 60 g, de acordo com as fases que ele denominou de: indução, perda de peso contínua, pré-manutenção e manutenção.
A indução duraria em média 14 dias e a ingestão de carboidrato não ultrapassa 15 g por dia. Segundo Atkins, neste período, a perda de peso é “surpreendente” e esse é um dos maiores estímulos para seguir a dieta pela “vida inteira”.
Para ingressar na segunda fase (a continuação) seria necessário fazer exames laboratoriais para avaliar o perfil lipídico. Caso haja aumento de colesterol total e LDL, o autor sugere a substituição de gordura saturada por insaturada. A quantidade de carboidratos, então, deve ser de, no máximo, 30 g por dia.
A pré-manutenção seria uma fase de transição, em que o indivíduo pode reduzir ou manter o peso. A dieta ainda é restritiva e a quantidade de carboidrato fica em torno de 45 g por dia.
A última fase é permanente e, de acordo com o autor, favorece a manutenção do peso. A quantidade de carboidratos deve aumentar gradativamente, respeitando a tolerância individual, podendo chegar até a 60 g por dia. Os doces continuam sendo proibidos. Se houver aumento de 2,5 kg, o programa deve ser reiniciado.
De acordo com os princípios da dieta Atkins vale colocar em questão se realmente as gorduras são mais adipogênicas.
Estudos mostram que, inclusive entre as camadas mais pobres da população, a transição nutricional está relacionada com o aumento do consumo de gorduras e proteínas (Monteiro et al, 1997).
Esta marcante ingestão de gorduras pode estar relacionada com uma maior palatabilidade, uma mastigação menos trabalhosa, menor efeito sacietógeno no momento da ingestão, maior densidade energética, e ainda, balanço energético menos eficiente.
De acordo com Foster e cols. (2001), ao comparar a adesão das dietas Atkins e dieta convencional por 12 semanas, houve uma maior adesão à dieta das proteínas.
Num estudo de Horton e cols. (1995) observou-se que os macronutrientes se oxidam de forma diferente, ou seja, com uma sobrecarga de carboidratos, ocorre uma maior oxidação destes; no entanto, quando a sobrecarga é de gordura, esta não se oxida mais, com conseqüente acúmulo.
Além da distribuição dos macronutrientes, também é importante considerar o tipo de gordura utilizado na dieta. De acordo com Delany e cols. (2000), quanto mais longa for a cadeia do ácido graxo, mais saturado ele será e, portanto, engordará mais que os mais insaturados.
De acordo com Foster e cols. & Brehm e cols. (2001), em uma comparação entre a dieta Atkins e convencional, a Atkins parece favorecer a relação LDL/HDL. No entanto, acreditamos que as frações HDL e LDL modificadas se-jam as ruins e não as protetoras, o que ainda deve ser investigado.
Conclusão
São necessários estudos com maior duração para avaliar a possível eficácia clínica e segurança da Dieta do Dr. Atkins como ferramenta terapêutica na redução e manutenção de peso a longo prazo.
Para o tratamento da obesidade é seguro afirmar que dietas hipocalóricas e balanceadas, que proponham uma reeducação alimentar, trazem os resultados mais eficazes e duradouros
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obesidade é uma doença crônica que afeta cada vez mais crianças e adultos. Na última década sua prevalência aumentou 32%. Nos países desenvolvidos, onde os alimentos ricos em energia são abundantes e baratos e os estilos de vida são cada vez mais sedentários, a obesidade, há algum tempo, já é um problema significativo. Os países em desenvolvimento têm a desnutrição como um dos maiores problemas, mas a obesidade vem crescendo assustadoramente e já é também considerada uma grave questão de saúde pública. No Brasil, 40% dos adultos e 20% das crianças têm excesso de peso (Monteiro e cols.,1997).
A obesidade é acompanhada por um aumento marcante do número de células adiposas. Através da perda de peso, pode-se conseguir a diminuição no tamanho celular, mas o número de células permanece alto. O aumento do número de células é maior quando o ganho de peso ocorre precocemente do que quando se inicia mais tarde. Não se sabe ao certo se esse estímulo é nutricional, endócrino, comportamental, genético ou alguma combinação dessas associações (Waitzberg, 2000).
São vários os fatores incluídos na gênese da obesidade que se encontram ainda inconclusivos. Dentre eles, podemos destacar o papel dos macronutrientes.
Evidências epidemiológicas mostram que o aumento da ingestão de gorduras está relacionado com o aumento da obesidade (Monteiro, 1999).
Um estudo realizado no ambulatório de obesidade do hospital das clínicas da FMUSP mostra que indivíduos que procuram tratamento para redução de peso apresentam uma alimentação predominantemente hiperlipídica.
A partir de evidências clínicas e de artigos científicos, pretendemos destacar os principais efeitos da dieta do Dr. Atkins no emagrecimento e verificar suas implicações relacionadas ao bem-estar e estado de saúde, considerando o aporte de calorias e nutrientes, o perfil lipídico e o controle de fome e saciedade.
Qual o tipo de dieta mais indicado para perda de peso? Existe uma composição ideal ou mais eficiente com relação aos macronutrientes no tratamento da doença?
A dieta
A dieta do Dr. Atkins é a mais famosa das dietas pobres em carboidrato e ricas em proteína e gordura. Geralmente, as dietas com essas características apresentam de 55-65% de gorduras, 25-30% de proteínas e menos de 20% de carboidratos.
Robert Atkins é um médico cardiologista que relata ter observado os efeitos da sua dieta em pacientes cardiopatas, tendo a perda de peso como um efeito adicional. A partir de sua experiência, publicou seu primeiro livro em 1972. Após vinte anos, o autor atualiza alguns conceitos e publica “A nova dieta revolucionária do Dr. Atkins”.
O autor sugere que existe uma “vantagem metabólica” da proteína com relação ao carboidrato, sendo assim o indivíduo poderia emagrecer independentemente da in-gestão calórica.
Em uma revisão bibliográfica sobre os vários tipos de dieta, Freedman e cols. (2001) demonstram que dietas hipocalóricas, independentemente da distribuição dos macronutrientes, resultam em perda de peso. Em outro estudo, Wing e cols. (1994) discutem a melhora do controle glicêmico e diminuição da resistência a insulina como um reflexo do emagrecimento, em qualquer tipo de dieta. RaeiniSarjaz e cols. (2001) afirmam que restrição calórica é importante para melhora do perfil lipídico.
Quanto à perda de peso, pode-se dizer que, sem dúvida, o que vale em uma dieta são as calorias totais.
A dieta Atkins não restringe calorias, mas com a proibição dos carboidratos a alimentação fica restrita, sendo assim, como outras dietas da moda, acaba se tornando monótona e talvez por isso hipocalórica, o que vem a favorecer a perda de peso.
Atkins considera o carboidrato como grande vilão pelo fato de favorecer o aumento da insulina. A insulina seria responsável por um maior acúmulo de gordura, maior retenção hídrica, aumento de triglicérides e maior risco de doenças cardiovasculares.
A hiperinsulinemia realmente aumenta a captação de nutrientes, inibe a lipólise e favorece um aumento no tamanho dos adipócitos, e está amplamente relacionada com a obesidade. A discussão ainda permanece, mas não se sabe ao certo se a elevação dos níveis de insulina é causa ou reflexo do sobrepeso (Frost et al, 2000; Felig et al.).
Por outro lado, Schwartz (2000), analisando estudos experimentais, coloca que a insulina tem uma função essencial no SNC para o controle da fome e saciedade, gasto energético e regulação da leptina.
Além disso, o potencial de elevação de glicemia/insulinemia não está simplesmente relacionado à ingestão de carboidratos, mas sim, ao tipo de carboidrato (simples ou complexo), à composição da alimentação (proteínas, fibras) e ainda a outros estímulos, como, por exemplo, presença de gordura saturada.
A dieta Atkins propõe uma drástica redução na ingestão de carboidratos que varia de 15 a 60 g, de acordo com as fases que ele denominou de: indução, perda de peso contínua, pré-manutenção e manutenção.
A indução duraria em média 14 dias e a ingestão de carboidrato não ultrapassa 15 g por dia. Segundo Atkins, neste período, a perda de peso é “surpreendente” e esse é um dos maiores estímulos para seguir a dieta pela “vida inteira”.
Para ingressar na segunda fase (a continuação) seria necessário fazer exames laboratoriais para avaliar o perfil lipídico. Caso haja aumento de colesterol total e LDL, o autor sugere a substituição de gordura saturada por insaturada. A quantidade de carboidratos, então, deve ser de, no máximo, 30 g por dia.
A pré-manutenção seria uma fase de transição, em que o indivíduo pode reduzir ou manter o peso. A dieta ainda é restritiva e a quantidade de carboidrato fica em torno de 45 g por dia.
A última fase é permanente e, de acordo com o autor, favorece a manutenção do peso. A quantidade de carboidratos deve aumentar gradativamente, respeitando a tolerância individual, podendo chegar até a 60 g por dia. Os doces continuam sendo proibidos. Se houver aumento de 2,5 kg, o programa deve ser reiniciado.
De acordo com os princípios da dieta Atkins vale colocar em questão se realmente as gorduras são mais adipogênicas.
Estudos mostram que, inclusive entre as camadas mais pobres da população, a transição nutricional está relacionada com o aumento do consumo de gorduras e proteínas (Monteiro et al, 1997).
Esta marcante ingestão de gorduras pode estar relacionada com uma maior palatabilidade, uma mastigação menos trabalhosa, menor efeito sacietógeno no momento da ingestão, maior densidade energética, e ainda, balanço energético menos eficiente.
De acordo com Foster e cols. (2001), ao comparar a adesão das dietas Atkins e dieta convencional por 12 semanas, houve uma maior adesão à dieta das proteínas.
Num estudo de Horton e cols. (1995) observou-se que os macronutrientes se oxidam de forma diferente, ou seja, com uma sobrecarga de carboidratos, ocorre uma maior oxidação destes; no entanto, quando a sobrecarga é de gordura, esta não se oxida mais, com conseqüente acúmulo.
Além da distribuição dos macronutrientes, também é importante considerar o tipo de gordura utilizado na dieta. De acordo com Delany e cols. (2000), quanto mais longa for a cadeia do ácido graxo, mais saturado ele será e, portanto, engordará mais que os mais insaturados.
De acordo com Foster e cols. & Brehm e cols. (2001), em uma comparação entre a dieta Atkins e convencional, a Atkins parece favorecer a relação LDL/HDL. No entanto, acreditamos que as frações HDL e LDL modificadas se-jam as ruins e não as protetoras, o que ainda deve ser investigado.
Conclusão
São necessários estudos com maior duração para avaliar a possível eficácia clínica e segurança da Dieta do Dr. Atkins como ferramenta terapêutica na redução e manutenção de peso a longo prazo.
Para o tratamento da obesidade é seguro afirmar que dietas hipocalóricas e balanceadas, que proponham uma reeducação alimentar, trazem os resultados mais eficazes e duradouros
BOA SORTE.....
BJINHUS =****
Existem muitas dietas, por isso recomendo as dicas de um dos maiores especialistas em emagrecimento do Brasil.
Veja o vÃdeo onde ele fala sobre isso: http://www.dicahoje.net/como-emagrecer
No vÃdeo abaixo você vai entender porque 95% das pessoas não conseguem emagrecer e manter o peso:
https://www.youtube.com/watch?v=hJnbEOqZ4aQ
Dicas para Emagrecer: http://dicahoje.net/como-emagrecer
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Emagrecer-Com-Sa%C3...
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCSFEE6iB6nMgvi57r...
Sempre há, leia o livro direitinho.