"O amor comeu do dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos"...Sem palavras! Obrigada pelo presente, anjo poeta! Vc já nem me surpreende mais com tanta sensibilidade ao presentear-nos com uma jóia dessas. Poeta grande conhece grandes poetas. Adoro você!
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"O amor comeu do dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos"...Sem palavras! Obrigada pelo presente, anjo poeta! Vc já nem me surpreende mais com tanta sensibilidade ao presentear-nos com uma jóia dessas. Poeta grande conhece grandes poetas. Adoro você!
Muito bom! João Cabral de Melo Neto... Arnaldo Jabor disse que ele é o único poeta macho do Brasil. Concordo. Os versos dele são bonitos e ásperos, como o mandacaru. Bom carnaval.
Fui apresentada a um poeta incrÃvel que eu não conhecia até há duas semanas, tentei postar sua poesia mas o YR não aceita porque é muito longa então vou mandar o Link porque é imperdÃvel .Leia "El mundo alucinante"
http://alocubano.com/reinaldo_arenas.htm
João Cabral é um dos maiores poetas brasileiros, muito culto e sofisticado, sua poesia é crua e direta , eu gosto muito.
Gosto também de um poeta que é um tanto desconhecido Talvez em grande parte devido ao seu gênio difÃcil, morreu sem o reconhecimento que merecia
Bruno Tolentino
A CAMINHO DO CAIS
Pátria minha, que apostasias,
que desertas a ti mesma e dás,
como lesma ao bico voraz,
teu corpo cheio de harmonias,
tua alma jovem... Quantos dias,
quantos anos desolados vais
alimentar os teus chacais
com a carne dos filhos que crias
e abandonas à desesperança!
Vou deixar-te para não te ver
atravancar o amanhecer
com balbúrdias e carnificinas,
a tragédia que desde criança
vi-te amontoar nas esquinas.
Rio de Janeiro, 8/5/1964
à TERRA PROVISÃRIA
Adeus, cimos e vales e veredas,
e bosques e clareiras e campinas
soltas ao vento, sacudindo as crinas
das espigas de sol na luz de seda.
Adeus, troncos e copas e alamedas,
esmeraldas selvagens que as neblinas
salpicavam de prata, adeus, colinas
que iam subindo como labaredas
de cobalto no ar... Adeus, beleza
irrepetÃvel, que me viu nascer
e toca-me deixar: a natureza
também é feita de deixar de ser,
e eu levo agora a sombra e deixo a presa
à luz do provisório amanhecer.
Espero que goste
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, ...
que lindo é ouvir um poema desses recitado... que viagem deliciosa, obrigada!!!
Foi um presente!
"O amor... comeu parte da minha história,
porém... também comeu minhas dúvidas...
e minhas certezas...
me saciou de lembranças e esperanças...
me fez digerir a ironia, com gosto de utopia...."
( Nil )
Olá!
Só a sensibilidade faz entender a escolha da poesia que segue para responder sua questão.
Tecendo a Manhã
1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto
wow