A teoria da identidade mente-corpo floresceu brevemente nos anos cinquenta e princípios dos anos sessenta do séc. XX, e sofreu, ainda incipiente, um ataque de Putnam com o argumento da realização múltipla — ataque de tal forma brutal que muitos pensam que está moribunda senão mesmo morta e enterrada. Neste breve artigo quero apresentar ao leitor uma forma deste argumento.
O argumento da realização múltipla apresenta-se por vezes como um argumento empírico, no qual se oferecem casos factuais de realização múltipla para depois se mostrar as supostas dificuldades inultrapassáveis da teoria da identidade perante estes factos, mostrando simultaneamente como uma versão do funcionalismo os poderia acomodar.
Vou deixar para outra ocasião a avaliação destes dados empíricos e vou concentrar-me na sua forma conceptual como experiência mental.
A teoria da identidade é uma teoria tipo-tipo: identifica acontecimentos ou propriedades ou processos ou estados mentais do mesmo tipo com acontecimentos ou propriedades ou processos ou estados físico-químicos do mesmo tipo. (Qual destes termos é mais apropriado para descrever a ontologia da mente é algo que não irei discutir aqui. O importante é que estes termos se apliquem a tipos. A minha preferência é para o uso dos termos "propriedade" e "estado".) Um dos exemplos favoritos dos filósofos é a identificação de dor com a activação das fibras C. Como se está a fornecer uma identidade entre dois tipos, digamos, entre a dor e a activação das fibras C, o que isto implica é que, necessariamente, qualquer criatura que tenha dores terá de ter fibras C e terá de as ter activadas; conversamente, necessariamente, qualquer criatura que tenha as suas fibras C activadas estará num estado de dor. Assim, qualquer criatura que não possua fibras C não poderá sequer ter experiências de dor.
A teoria da identidade destaca a relação entre identidade e valores culturais, ampliando a análise e remetendo o indivÃduo para a coletividade macrossocial de que participa. A teoria cultural da identidade parece fornecer os elementos sociais amplos (valores, ideologias, visão de mundo) em relação aos quais indivÃduos e grupos se conectam.
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A teoria da identidade mente-corpo floresceu brevemente nos anos cinquenta e princípios dos anos sessenta do séc. XX, e sofreu, ainda incipiente, um ataque de Putnam com o argumento da realização múltipla — ataque de tal forma brutal que muitos pensam que está moribunda senão mesmo morta e enterrada. Neste breve artigo quero apresentar ao leitor uma forma deste argumento.
O argumento da realização múltipla apresenta-se por vezes como um argumento empírico, no qual se oferecem casos factuais de realização múltipla para depois se mostrar as supostas dificuldades inultrapassáveis da teoria da identidade perante estes factos, mostrando simultaneamente como uma versão do funcionalismo os poderia acomodar.
Vou deixar para outra ocasião a avaliação destes dados empíricos e vou concentrar-me na sua forma conceptual como experiência mental.
A teoria da identidade é uma teoria tipo-tipo: identifica acontecimentos ou propriedades ou processos ou estados mentais do mesmo tipo com acontecimentos ou propriedades ou processos ou estados físico-químicos do mesmo tipo. (Qual destes termos é mais apropriado para descrever a ontologia da mente é algo que não irei discutir aqui. O importante é que estes termos se apliquem a tipos. A minha preferência é para o uso dos termos "propriedade" e "estado".) Um dos exemplos favoritos dos filósofos é a identificação de dor com a activação das fibras C. Como se está a fornecer uma identidade entre dois tipos, digamos, entre a dor e a activação das fibras C, o que isto implica é que, necessariamente, qualquer criatura que tenha dores terá de ter fibras C e terá de as ter activadas; conversamente, necessariamente, qualquer criatura que tenha as suas fibras C activadas estará num estado de dor. Assim, qualquer criatura que não possua fibras C não poderá sequer ter experiências de dor.
A teoria da identidade enfatiza a importância para a formação da identidade dos significados construÃdos ao longo dos processos de interação e do desempenho de papéis, bem como a saliência que esses significados assumem para os indivÃduos.
A teoria da identidade destaca a relação entre identidade e valores culturais, ampliando a análise e remetendo o indivÃduo para a coletividade macrossocial de que participa. A teoria cultural da identidade parece fornecer os elementos sociais amplos (valores, ideologias, visão de mundo) em relação aos quais indivÃduos e grupos se conectam.