Estou a fazer um trabalho escolar e agradecia que alguem me ajudasse a analisar o seguinte poema...queria que me falassem sobre o tema de parte e me explicassem o poema...dêm o vosso melhor !!
Que me queireis, perpétus saudades ?
Com que esperança ainda me enganais ?
Que o tempo se vai não torna mais,
e se torna, não tornam as idades.
Razão é já, ó anos !, que vos vades,
porque estes tão ligeiros que passais,
nem todos para um gosto são iguais,
nem sempre são conformes as vontades.
Aquilo a que já quis é tão mudado
que quase é outra cousa; porque os dias
têm o primeiro gosto já danado.
Esperanças de novas alegrias
não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
que do contentamento são espias.
Atualizada:Não preciso de informações sobre Luís de Camões...pois eu sei quem ele foi...preciso de ajuda a analisar este poema em particular
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"Que me quereis, perpétuas saudades?"
A saudade sempre nos quer, perpétuamente...
Não existe saudade que não seja algo bom. E isto dá esperanças tantas, assim como enganos.
O tempo é senhor da idade, e não retorna, mas deixa saudades.
De fato, sem razão aparente tudo se vai em passos ligeiros, contra nossa vontade.
A esperança é alegria ou contentamentos ao contemplar um tempo saudoso.
"Que me quereis perpétuas saudades". Lido à maneira de cá, sai qualquer coisa como: "Que me quereis perpétuas saudades", isto é, o decassílabo torna-se um octossílabo. Lido à maneira brasileira, todas as sílabas são devidamente pronunciadas. Todos os estrangeiros que conheço e se interessam pela nossa língua me dizem a mesma coisa: que conseguem perceber o português do Brasil muito melhor do que o de Portugal. A explicação é essa, a meu ver: vogais abertas, sílabas completamente pronunciadas, o que dá uma clareza muito maior ao que se diz.
Na lírica de Camões, quase sempre ele exalta o amor e muitas vezes o amor platónico, que é o caso deste soneto, que fica claro form na primeira estrofe. aqui o amante diz que se contenta só de ver os belos olhos da amada. e termina dizendo que não pede nada em troca pois quanto mais lhe dá mais sente que lhe deve.
Que me queireis, perpétus saudades ?
- Porque aqui não estás, oh amor de minh'alma?
Com que esperança ainda me enganais ?
- Porque tenho que te esperar?
Que o tempo se vai não torna mais,
- A vida passa...
e se torna, não tornam as idades.
- E eu não fico mais novo.
Razão é já, ó anos !, que vos vades,
- Sofro, desmesuradamente, tua ausência...
porque estes tão ligeiros que passais,
- Fomos felizes, mas foi pouco...
nem todos para um gosto são iguais,
- Você me marcou mais que eu a ti.
nem sempre são conformes as vontades.
- A vida é assim...
Aquilo a que já quis é tão mudado
- Você já é outra...
que quase é outra cousa; porque os dias
- que quase é outra coisa...
têm o primeiro gosto já danado.
- porque já me amarga o teu gosto... (ele quebrou o verso... devia sofrer da dor de ter que esquecer a mulher amada, que sumiu e não voltou ... ele envelheceu e sente que não mais a terá, e ainda que a venha a ter, percebe que ela já não trará mais o frescor que ele guarda na recordação - claro.... ele se dá conta que a amada distante também envelheceu...)
Esperanças de novas alegrias
- aqui ele chora que sente que poderia ter amado outra...
não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
- Aí se desculpa, a si mesmo, entendendo-se ter nascido numa época em que gostaria de ter pulado. Talvez acreditasse em re-encarnação.
que do contentamento são espias.
- É, e finaliza jogando a culpa na Fortuna e no Tempo, coisas etéreas, para se desculpar e compreender que ... a vida é assim... nos abandona devagar.
Amo esse tipo de amor.
va no google