“As pessoas não acreditam na capacidade dos deficientes visuais”. Este desabafo da estudante Daniela Souto, de 26 anos, demonstra a dificuldade que eles têm de conseguir trabalho, principalmente nas empresas privadas. Tanto que a maioria dos cegos está empregada em órgãos públicos. Ela mesma fez um concurso para a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro) e hoje atua como telefonista.
O fonoaudiólogo e tradutor intérprete Paulo César da Silva, de 46 anos, trabalha na prefeitura e nas escolas da cidade onde mora, em Paracambi, no interior do Rio, graças ao concurso que prestou. “Apesar das dificuldades de uma cidade pequena, não posso reclamar. Sempre trabalhei, sou bastante ativo”, conta.
A pedagoga Ivonete dos Santos, 35, nunca ficou desempregada, mas precisou ralar muito para ganhar o pão de cada dia e sustentar a filha Lívia, hoje com 15 anos. “Já trabalhei com telemarketing, escrevi mensagens para serviços de Bip, fui massagista, ascensorista”, enumera ela, que conseguiu estabilidade no emprego ao se tornar técnica judiciária da Justiça Federal.
Agenda cheia
O dia do fonoaudiólogo Paulo César é tomado por compromissos. Ele se mantém sempre ativo e conseguiu em sua cidade o respeito daqueles que um dia o julgaram incapaz. Tradutor intérprete, já viajou por vários países e é bastante atuante em movimentos de deficientes visuais.
"Sou o primeiro cego a presidir o Rotary Clube de Paracambi", conta ele, que também é presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Rio de Janeiro, criada por ex-alunos do Benjamin Constant. A organização oferece atividades como judô, xadrez, natação e atletismo.
Difícil recomeço
Mas nem sempre os deficientes conseguem encontrar espaço no mercado de trabalho. O arquiteto Ailton Cataldi, de 42 anos, perdeu a visão aos 32 anos, no auge de sua carreira. Era gerente de planejamento de obras de uma empresa, tinha apartamentos e dois carros. "Na época, a empresa não soube lidar com a deficiência e me aposentou por invalidez. Acho que eu poderia ter continuado, afinal, estava num cargo de coordenação, e não precisava ir a campo", conta. Com o baixo valor da aposentadoria, acabou perdendo o padrão de vida que tinha.
Ailton entrou em depressão e foi preciso três anos de terapia para voltar à ativa. Fez cursos de informática, deu aula para alunos cegos e hoje eventualmente faz trabalhos de degustação de aromas, avaliando produtos comerciais alimentícios. "O problema maior é que fiquei impossibilitado de trabalhar em outros lugares com carteira assinada, pois aposentadoria por invalidez não permite que a pessoa exerça outra atividade", lamenta.
“Vivemos em uma sociedade visual. Por isso, mesmo sem a convivência, os empresários acreditam que um deficiente fÃsico ou auditivo consegue trabalhar. Já o visual, não”, explica. E quando as vagas são oferecidas, diz uma psicóloga, quase sempre são para funções que reforçam ainda mais os estereótipos. à o caso da considerável abertura de postos para operadores de telemarketing.
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“As pessoas não acreditam na capacidade dos deficientes visuais”. Este desabafo da estudante Daniela Souto, de 26 anos, demonstra a dificuldade que eles têm de conseguir trabalho, principalmente nas empresas privadas. Tanto que a maioria dos cegos está empregada em órgãos públicos. Ela mesma fez um concurso para a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro) e hoje atua como telefonista.
O fonoaudiólogo e tradutor intérprete Paulo César da Silva, de 46 anos, trabalha na prefeitura e nas escolas da cidade onde mora, em Paracambi, no interior do Rio, graças ao concurso que prestou. “Apesar das dificuldades de uma cidade pequena, não posso reclamar. Sempre trabalhei, sou bastante ativo”, conta.
A pedagoga Ivonete dos Santos, 35, nunca ficou desempregada, mas precisou ralar muito para ganhar o pão de cada dia e sustentar a filha Lívia, hoje com 15 anos. “Já trabalhei com telemarketing, escrevi mensagens para serviços de Bip, fui massagista, ascensorista”, enumera ela, que conseguiu estabilidade no emprego ao se tornar técnica judiciária da Justiça Federal.
Agenda cheia
O dia do fonoaudiólogo Paulo César é tomado por compromissos. Ele se mantém sempre ativo e conseguiu em sua cidade o respeito daqueles que um dia o julgaram incapaz. Tradutor intérprete, já viajou por vários países e é bastante atuante em movimentos de deficientes visuais.
"Sou o primeiro cego a presidir o Rotary Clube de Paracambi", conta ele, que também é presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Rio de Janeiro, criada por ex-alunos do Benjamin Constant. A organização oferece atividades como judô, xadrez, natação e atletismo.
Difícil recomeço
Mas nem sempre os deficientes conseguem encontrar espaço no mercado de trabalho. O arquiteto Ailton Cataldi, de 42 anos, perdeu a visão aos 32 anos, no auge de sua carreira. Era gerente de planejamento de obras de uma empresa, tinha apartamentos e dois carros. "Na época, a empresa não soube lidar com a deficiência e me aposentou por invalidez. Acho que eu poderia ter continuado, afinal, estava num cargo de coordenação, e não precisava ir a campo", conta. Com o baixo valor da aposentadoria, acabou perdendo o padrão de vida que tinha.
Ailton entrou em depressão e foi preciso três anos de terapia para voltar à ativa. Fez cursos de informática, deu aula para alunos cegos e hoje eventualmente faz trabalhos de degustação de aromas, avaliando produtos comerciais alimentícios. "O problema maior é que fiquei impossibilitado de trabalhar em outros lugares com carteira assinada, pois aposentadoria por invalidez não permite que a pessoa exerça outra atividade", lamenta.
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Mesmo representando quase a metade das pessoas com deficiência no paÃs, brasileiros com limitação visual têm poucas oportunidades no mercado. Desconhecimento sobre suas habilidades é o principal obstáculo. Mais 16,6 milhões de brasileiros , segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE), se enquadram nos quesitos da deficiência visual
Mas a junção certeira de habilidades esbarra na resistência de quem usufrui da visão por inteiro. “O problema é as empresas perceberem isso. Se nos derem emprego, damos conta dele.” - declaração de uma deficiente visual.
“Vivemos em uma sociedade visual. Por isso, mesmo sem a convivência, os empresários acreditam que um deficiente fÃsico ou auditivo consegue trabalhar. Já o visual, não”, explica. E quando as vagas são oferecidas, diz uma psicóloga, quase sempre são para funções que reforçam ainda mais os estereótipos. à o caso da considerável abertura de postos para operadores de telemarketing.
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Infelizmente ainda existem muitos preconceitos no nosso planeta,não só com os deficientes visuais,mas também contra negros,mulheres,homossexuais.Não podemos abaixar a cabeça e nos sentirmos vÃtimas do acaso.Se vc sofre ou sofreu algum tipo de preconceito,não se deixe abater,vá atrás dos seus direitos,junte provas e faça valer seu direito de cidadão.A justiça pode até demorar,mas até que funciona,hoje em dia só sofre preconceito e deixa passar em branco quem quer...seja vc mesmo e mostre para os colegas de trabalho que vc é como qualquer ser humano,que não é apenas uma deficiência visual que vai te fazer menos que os outros.
http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/efi...