Mas o que é e o que não é científico? Por que o eu acho deve ser expurgado das salas de aula? Seria o eu penso a colocação ?científica? mais acertada?
Emerson B. Gomes, mestre em Educação em Ciências e Matemáticas pelo NPADC/UFPA e consultor educacional da Capes em Timor-Leste. Artigo enviado pelo autor ao ?JC e-mail?:
Quem já não ouviu de seu orientador e/ou professor a frase: ?comigo não existem achismos!?. Se não direcionado a você, mas certamente a um colega ou amigo ouviu sim.
Este posicionamento do produtor da frase é, muitas das vezes, um jargão reproduzido por conta deste tê-la ouvido de seu antecessor, expressando assim mais um ato reflexo sob inspiração cultural do que a devida reflexão sobre o porque do fato.
Inúmeras vezes auscultamos destes jargões e por conta da imposição, que não deixa de ser social, empregamo-las junto aos nossos alunos para garantirmos nosso status de educadores intelectualizados.
A fraseologia em questão, entretanto, não é empregada de todo sem sentido, os professores que a utilizam querem indicar que suas colocações se fundamentam em uma base ?sólida?.
O problema reside no fato de dizerem que os achismos não devem ser empregados nunca por seus alunos, por conta de não serem termos ?científicos?.
Mas o que é e o que não é científico? Por que o eu acho deve ser expurgado das salas de aula? Seria o eu penso a colocação ?científica? mais acertada?
Pois eu digo que, primeiramente, cada um destes questionamentos deve ser esgotado em sala de aula para que o educador possa exigir de seus alunos qualquer postura que seja com relação eles.
Costumo questionar meus orientandos sobre o que sabem de determinado objeto de pesquisa, ao qual desejam pesquisar. Peço que elaborem esquemas do que pensam saber e do que acham que sabem.
Como vêem não excluo os achismos de meu método de ensino, pois os reconheço como pertencentes a um nível de compreensão e estreitamento junto ao objeto.
Neste sentido, emprego-os como delimitação das etapas de assimilação e expressão do conhecimento, portanto considero-os elementos científicos. Mas o que há de distinto entre eu sei, eu penso e eu acho?
Para elucidar os questionamentos do parágrafo anterior, utilizarei uma ilustração que adaptarei de um exemplo de abstração empregado por meu grande amigo e professor João Batista do Nascimento (UFPA): para os rapazes pede-se que pense no interior do banheiro feminino de sua instituição de ensino, às moças se pede que imaginem o interior do banheiro masculino.
Feito este exercício que servia a meu professor para exemplificar a necessidade do extensionamento e indução por meio do processo de abstração, daremos a este um outro encaminhamento.
Se lhe questionar sobre a cor interna do banheiro feminino (se rapaz) e/ou do banheiro masculino (se moça) poderemos obter uma série de respostas, as quais nos servem as seguintes:
R1: Eu acho que o banheiro é da cor X.
R2: Eu penso que o banheiro é da cor X.
R3: Eu sei que o banheiro é da cor X.
Parece-nos mais evidente, por este exemplo, que R1, R2 e R3 tratam de níveis de estreitamentos distintos com o objeto.
Em R1, temos que o indivíduo não possui bases para justificar uma resposta, talvez porque nunca tenha estado em um banheiro da sua instituição de ensino, ou mesmo os banheiros de lá não guardam um padrão de cor, que possam por analogia proporcionar-lhe uma segurança na resposta, daí o eu acho.
Em R2, pode-se empregar o eu penso, de forma coerente, se o indivíduo possui alguma referência; esta pode ser obtida mediante a extensão da cor do banheiro masculino ao feminino, pois se trata de uma mesma instituição de ensino e por tal não haveria necessidade de se utilizar cores distintas para os banheiros.
Como vemos, este nível supõe um adiantamento com relação ao anterior. Isto porque aqui a resposta possui uma referência.
Em R3, vemos o emprego do eu sei, que se utilizado sem demagogia, significa uma experimentação do objeto ou sobre o objeto.
Ao utilizar tal afirmava o indivíduo nos indica que esteve presente no banheiro feminino (se rapaz) e/ou banheiro masculino (se moça), nos confirmando seu máximo estreitamento com o elemento de estudo.
Nesta terceira afirmativa vemos o ápice do conhecimento do objeto de pesquisa, é este, certamente, o nível a que todos os professores desejam que seus alunos alcancem com os estudos, ao nível prático-teórico consolidado.
Espero ter esclarecido certos pontos que por vezes nos parecem obscuros, mas que nunca nos questionamos sobre eles, uns por não acharmo-los tempo outros por não os darmos a devida atenção.
Bom, eu sei que já é hora de parar, pois penso que estar escrevendo isso às duas da manhã é base suficiente para justificar um bom descanso, eu acho.
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Mas o que é e o que não é científico? Por que o eu acho deve ser expurgado das salas de aula? Seria o eu penso a colocação ?científica? mais acertada?
Emerson B. Gomes, mestre em Educação em Ciências e Matemáticas pelo NPADC/UFPA e consultor educacional da Capes em Timor-Leste. Artigo enviado pelo autor ao ?JC e-mail?:
Quem já não ouviu de seu orientador e/ou professor a frase: ?comigo não existem achismos!?. Se não direcionado a você, mas certamente a um colega ou amigo ouviu sim.
Este posicionamento do produtor da frase é, muitas das vezes, um jargão reproduzido por conta deste tê-la ouvido de seu antecessor, expressando assim mais um ato reflexo sob inspiração cultural do que a devida reflexão sobre o porque do fato.
Inúmeras vezes auscultamos destes jargões e por conta da imposição, que não deixa de ser social, empregamo-las junto aos nossos alunos para garantirmos nosso status de educadores intelectualizados.
A fraseologia em questão, entretanto, não é empregada de todo sem sentido, os professores que a utilizam querem indicar que suas colocações se fundamentam em uma base ?sólida?.
O problema reside no fato de dizerem que os achismos não devem ser empregados nunca por seus alunos, por conta de não serem termos ?científicos?.
Mas o que é e o que não é científico? Por que o eu acho deve ser expurgado das salas de aula? Seria o eu penso a colocação ?científica? mais acertada?
Pois eu digo que, primeiramente, cada um destes questionamentos deve ser esgotado em sala de aula para que o educador possa exigir de seus alunos qualquer postura que seja com relação eles.
Costumo questionar meus orientandos sobre o que sabem de determinado objeto de pesquisa, ao qual desejam pesquisar. Peço que elaborem esquemas do que pensam saber e do que acham que sabem.
Como vêem não excluo os achismos de meu método de ensino, pois os reconheço como pertencentes a um nível de compreensão e estreitamento junto ao objeto.
Neste sentido, emprego-os como delimitação das etapas de assimilação e expressão do conhecimento, portanto considero-os elementos científicos. Mas o que há de distinto entre eu sei, eu penso e eu acho?
Para elucidar os questionamentos do parágrafo anterior, utilizarei uma ilustração que adaptarei de um exemplo de abstração empregado por meu grande amigo e professor João Batista do Nascimento (UFPA): para os rapazes pede-se que pense no interior do banheiro feminino de sua instituição de ensino, às moças se pede que imaginem o interior do banheiro masculino.
Feito este exercício que servia a meu professor para exemplificar a necessidade do extensionamento e indução por meio do processo de abstração, daremos a este um outro encaminhamento.
Se lhe questionar sobre a cor interna do banheiro feminino (se rapaz) e/ou do banheiro masculino (se moça) poderemos obter uma série de respostas, as quais nos servem as seguintes:
R1: Eu acho que o banheiro é da cor X.
R2: Eu penso que o banheiro é da cor X.
R3: Eu sei que o banheiro é da cor X.
Parece-nos mais evidente, por este exemplo, que R1, R2 e R3 tratam de níveis de estreitamentos distintos com o objeto.
Em R1, temos que o indivíduo não possui bases para justificar uma resposta, talvez porque nunca tenha estado em um banheiro da sua instituição de ensino, ou mesmo os banheiros de lá não guardam um padrão de cor, que possam por analogia proporcionar-lhe uma segurança na resposta, daí o eu acho.
Em R2, pode-se empregar o eu penso, de forma coerente, se o indivíduo possui alguma referência; esta pode ser obtida mediante a extensão da cor do banheiro masculino ao feminino, pois se trata de uma mesma instituição de ensino e por tal não haveria necessidade de se utilizar cores distintas para os banheiros.
Como vemos, este nível supõe um adiantamento com relação ao anterior. Isto porque aqui a resposta possui uma referência.
Em R3, vemos o emprego do eu sei, que se utilizado sem demagogia, significa uma experimentação do objeto ou sobre o objeto.
Ao utilizar tal afirmava o indivíduo nos indica que esteve presente no banheiro feminino (se rapaz) e/ou banheiro masculino (se moça), nos confirmando seu máximo estreitamento com o elemento de estudo.
Nesta terceira afirmativa vemos o ápice do conhecimento do objeto de pesquisa, é este, certamente, o nível a que todos os professores desejam que seus alunos alcancem com os estudos, ao nível prático-teórico consolidado.
Espero ter esclarecido certos pontos que por vezes nos parecem obscuros, mas que nunca nos questionamos sobre eles, uns por não acharmo-los tempo outros por não os darmos a devida atenção.
Bom, eu sei que já é hora de parar, pois penso que estar escrevendo isso às duas da manhã é base suficiente para justificar um bom descanso, eu acho.
Pensar é um processo, no pensamento passa muita coisa sem sentido e tbm coisas úteis, depois de concluÃdo, chega-se a um resultado q é o q vc realmente acha ser o correto...
Eu acho qe não tem nenhuma diferença.
eu penso e que nos temos em mente e eu acho é o que vc diz que acha pensa que acha