A música "Inclassificáveis", de Arnaldo Antunes, trata da pluralidade da cultura brasileira e da impossibilidade de subsumi-la em uma única categoria. Desta forma, a letra da canção trabalha com essa inclassificabilidade.
Convém observar que o autor toma por base o cristianismo europeu, monoteísta, e o opõe à constelação de religiões e divindades da cultura brasileira, oriundas de diversos povos e do sincretismo religioso de diferentes culturas que formam a brasilidade (somos mestiços mulatos, cafuzos pardos, tapuias, tupinamboclos, americarataís yorubárbaros, pretos, índios e brancos).
Não há lugar para totalitarismo cultural ou religioso: aqui tudo converge para formar um povo singular, inclassificável (note que o autor mistura palavras que denominam povos diferentes como em "tubinambá" + "caboclo" = tubinanboclo).
Assim, diante dessa pluralidade cultural, não pode haver apenas um deus, uma religião em detrimento das demais (lembre-se que a maioria das religiões é politeísta) seria um contrasenso; seria negar essa pluralidade.
Desse modo, sem entrar no mérito de haver ou não uma religião melhor ou verdadeira, a letra da música é perfeitamente condizente tb com a miscigenação e religiosidade plurais que existe no Brasil, pois abarca todas asetnias e religiões conferindo a elas status de legitimidade por serem elemento de manifestação cultural.
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A música "Inclassificáveis", de Arnaldo Antunes, trata da pluralidade da cultura brasileira e da impossibilidade de subsumi-la em uma única categoria. Desta forma, a letra da canção trabalha com essa inclassificabilidade.
Convém observar que o autor toma por base o cristianismo europeu, monoteísta, e o opõe à constelação de religiões e divindades da cultura brasileira, oriundas de diversos povos e do sincretismo religioso de diferentes culturas que formam a brasilidade (somos mestiços mulatos, cafuzos pardos, tapuias, tupinamboclos, americarataís yorubárbaros, pretos, índios e brancos).
Não há lugar para totalitarismo cultural ou religioso: aqui tudo converge para formar um povo singular, inclassificável (note que o autor mistura palavras que denominam povos diferentes como em "tubinambá" + "caboclo" = tubinanboclo).
Assim, diante dessa pluralidade cultural, não pode haver apenas um deus, uma religião em detrimento das demais (lembre-se que a maioria das religiões é politeísta) seria um contrasenso; seria negar essa pluralidade.
Desse modo, sem entrar no mérito de haver ou não uma religião melhor ou verdadeira, a letra da música é perfeitamente condizente tb com a miscigenação e religiosidade plurais que existe no Brasil, pois abarca todas asetnias e religiões conferindo a elas status de legitimidade por serem elemento de manifestação cultural.