Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Gostaria de uma interpretação do que este poema se trata.
Abrass.
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Olá amigo!
O Poema é de um poeta paraibano de Pau d'Arco e morto em Leopoldinaa-MG, prematuramente. Trata-se de um poeta singular na nossa literatura e seus versos são sempre repletos de dor, morte e técnica apuradíssima.
O Título do poema, por si só, já nos transmite a idéia de que os versos tratam-se de conceitos próprios do autor, "íntimos", no caso, com relação ao Amor.
A 1ª Estrofe do poema diz:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Os versos dizem da ilusão não assistida que todos nós sofremos com relação ao Amor. A "quimera", é sinônimo de ilusão.
A 2ª Estrofe diz:
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Agora, esse mesmo homem, desiludido do "ser humano" e acaba por se adaptar ao meio em que vive (na "terra miserável") e deve aprender a ter maldade também, a "ser fera".
A 3ª Estrofe diz:
T Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Agora, já adaptado às mazelas do desamor, o poeta avisa:
que o fim do amor é só uma questão de tempo por que o beijo "véspera do escarro", ou seja, depois do Amor, virá o abandono e a depreciação; e depois do afeto e carinho, virá o apedrejamento.
A 4ª Estrofe diz:
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Por fim, diante da desilusão total, o poeta recomenda não confiar em ninguém, pois todos são maus e acabaram por "cuspir no prato que comem". Logo, convém escarrar e apedrejar antes que o mesmo seja feito contra si mesmo.
Esse poema mostra a desilusão total do poeta com o Amor e a humanidade.
Espero ter ajudado!
Asssinado: GLEISON DORNELLAS
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