Alguém poderia auxiliar-me na interpretação de um soneto do Vinícius de Moraes?
Soneto de contrição
Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...
E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.
Não consigo destrinchar as estrofes 2 e 4. Presumo que na segunda estrofe, o autor delineie traços de ingenuidade (- valor conotativo de criança; que se encontra supostamente ''sem rumo'' pelo adjetivo vagueia-) de seu amor, contudo, minhas considerações param por ai, pois, à medida que tento prosseguir, não consegui estabelecer conexões consistentes entre os demais elementos dessa estrofe a ponto de construir, de fato, uma compreensão relevante. E, na ultima estrofe, a intensão do autor é expressar que sua calma é gentil e benigna, ou ela vai por outro viés?? continuando na mesma estrofe, para minha infelicidade, o que ele quis dizer dizer no dois últimos versos??
Em minha tarefa, tenho, também, de esclarecer algumas passagens do poemas. A diante, portanto, colocarei algumas exigências e conclusões.
* Na segunda estrofe, segundo verso, quando o autor expõe '' amplitude suspensa'' : De que forma ela interage sobre ''vagueia o canto'', do verso anterior?
* Na mesma estrofe, terceiro verso, em ''coração é um vago acalanto'': Em outras palavras, como está o coração do eu lírico?
*Qual o sentido conotativo de ''Berçando''??
-- essa, em minhas conclusões, tem o mesmo sentido de cultivando. (não encontrei outros)
por favor, ajudem-me!
Quero muito desenvolver a habilidade de ler poemas.
Atualizada:Mimi Melo, fico muito grato por sua ajuda; acima de tudo, pelo tempo gasto em seus dizeres. E digo, ainda, que suas interpretações me esclareceram as dúvidas que tinha e proporcionou um direcionamento diferente do que estava me valendo. Ótimo domingo, e tchau.
'' Aquele que ajuda, quando precisar da mesma, independente do tempo necessário, será acolhido e direcionado com o mesmo vigor de seus atos passados''. Pietro Antonio
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No coração dele mora uma saudade imensa. ( berçando versos de saudade imensa ). Não é cultivando. É simplesmente "alojando", "residindo", porque cultivar implicaria em fazer crescer. Não é o caso. Neste caso, a saudade existe e ele a guarda no coração.
De verdade, eu entendo que o autor conclui que o amor dele por Maria é maravilhoso por estar guardado na memória ( saudade ).
Pois se continuasse no dia-a-dia não seria tão sublime.
Ele conclui que por ter sido breve e estarem afastados, vai se tornar eterno. Pois não houve tempo para nada dar errado, tempo para descobertas ruins, afastaram-se ainda encantados,...e neste encantamento, o resto passa a ser fantasia do que teria sido. Por isso ele diz que "tão mais te soubesse pertencida, menos seria eterno em sua vida" , pois qto mais ela o conhecesse mais saberia que ele não era perfeito, que o amor deles não era perfeito. Assim fica mais fácil ser eternizado ( sem continuarem a conviver. Vivendo de saudades).
A comparação da criança, com o canto e a amplidão... uma criança num canto está protegida.
A saudade no coração está protegida. A saudade é comparada à amplidão suspensa. Coisas que não e pegam. Coisas que assustam. O coração cuida da saudade como um canto cuida de uma criança.
Eu entendo assim...
Será? Será que ajudei?
Poema tem isso...toca o coração das pessoas de maneira diferente.
Nossa, você colocou essa pergunta no Y.R. inteiro? De graça eu vou analisar borra nenhuma pra você, parasitão. Bom domingo.