Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas…
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai… de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos – e que não zombavam
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Poema da segunda geração romântica, conhecida tb como Ultraromantismo. O tema é a morte, a desilusão com a vida. A morte aqui é vista como escapismo, ou seja, o eu lírico não aceita a realidade e encontra na idéia da morte, refúgio para seus conflitos interiores. Ele é tão indignado com a vida que afirma "deixá - la como quem deixa o tédio." Aponta os sentimentos que seriam sentidos pelos parentes que para ele são seus únicos amigos. É latente o pessimismo do eu lírico no poema, isso nada mais é do que uma das características do Ultraromantismo.
Se tivesse postado o dito poema, ficaria mais fácil.
Um abraço