Acredito que exista, sim e, se não estou enganada, isso não só é possível como seria o mais correto, se o objetivo é alcançar uma 'verdade'. Pretende-se que toda ciência, e mesmo a filosofia, se desenvolvam para além dos parâmetros do 'bem' e do 'mal'. Se as ações da ciência e da filosofia fossem limitados por estes parâmetros, acho que a sua evolução seria bastante gradual. 'Bem' e 'mal' são noções móveis, transitórias, como quase todas as noções de ordem valorativa, e nem chegam a tangenciar os patamares da necessidade e universalidade, requisitos imprescindíveis para o que, cientificamente, ou filosoficamente se denomina 'verdade'.
Se norteados pelos parâmetros do 'bem' e do 'mal', das vantagens e desvantagens, do oportuno ou inoportuno, do pragmatismo, enfim, dificilmente chegaríamos àquilo que poderíamos consagrar como 'verdade', a não ser pela coincidência ou pelo acaso. Mas o trajeto rumo à 'verdade' ou à descoberta, embora não descarte a possibilidade da coincidência e do acaso, prefere o caminho da heurística com todos os significados que o âmbito da palavra consegue abarcar.
Talvez, o grande pavor dos que se agarram veementemente a esses parâmetros, se deva ao receio de que na ausência das noções de 'bem' e 'mal', toda vilania esteja autorizada e o caos que se formaria ameaçaria toda a civilização esboroar-se na "guerra de todos contra todos". Ocorre que (como defendem muitos pensadores), as civilizações se formaram a partir de necessidades (talvez, até mesmo maior que o instinto gregário) dos homens, guiados aqui, pelo instinto de conservação. Essa conservação, no entanto, depende da sua conservação (não ser excluído) perante os outros indivíduos e, para isso, seria mais do que sensato viver de acordo com as regras que a sociabilidade inevitavelmente impõe. Talvez, seja aqui, o começo do germinar da semente da moralidade e, consequentemente, das noções (porque não podemos dizer 'conceitos') de 'bem' e 'mal', bem como, os 'belos sentimentos' e os 'feios sentimentos', do aprovável e do reprovável. Toda civilização, ou mesmo as pequenas comunidades, tendem a se proteger, se fortalecer e se conservar, para isso cria e utiliza-se do escudo das leis e punem e tentam excluir os infratores.
Com o anúncio da "morte de Deus", feito por Dostoiévski e Nietzsche, ocorre semelhantemente com o caso do 'bem' e do 'mal'. Quando estes dois pensadores lançaram esta frase (Nietzsche repetindo Dostoiévski), "se Deus está morto, tudo é permitido", de modo algum eles quiseram dizer que toda vilania estivesse autorizada. No caso de Nietzsche, ver na morte de Deus a autorização para toda vilania, é a inferência feita pelo 'último homem', ou seja, o mais vil, o mais desprezível da espécie humana. O 'grande homem' verá avultar o fardo de suas responsabilidades.
Mas, nem na ciência e nem na filosofia, nós podemos fazer dos 'belos sentimentos', argumentos que possam dar sustentação a uma 'verdade'. Aqui, a recomendação é que nos coloquemos o mais distante possível do sensível, reservadas as dúvidas levantadas por muitos pensadores em relação à legitimidade de atuação de uma razão 'pura', como Hume, Kant, Schopenhauer, Nietzsche (este último principalmente).
Obrigada pela pergunta maravilhosa. Sei que vc já sabe de tudo isso e muito mais, mas eu só estou respondendo a pergunta de um amigo muito querido.
Beijo
PS: Respondendo à sua pergunta-detalhes: Seria possível observar sem sentimento?
Não sei se a pergunta foi feita para mim, mas acho que ela vale para mim e é bastante oportuna e vc é fogo, não deixa escapar nada!
Estou levando em conta que a palavra 'perceber' que vc empregou, seja com a conotação de captar (algo) com inteligência; formar idéia a respeito de; compreender, descobrir; conhecer (Houaiss). Por outro lado, acho que vc observou que todas as vezes que empreguei a palavra 'verdade', não por acaso, o fiz entre aspas em virtude da minha posição assumida (embora não definitiva), com relação à questão da 'verdade', e que não cabe discutir aqui.
Quando respondi que acredito sim que haja uma outra forma de perceber as coisas além do bem e do mal, levo em alta consideração que perceber ou avaliar além do bem e do mal, não implica de maneira alguma em destituição dos sentimentos, até por que isso é humanamente impossível. Mas implica em destituição de valores pré-concebidos. Para mim, no plano empírico tudo deve ser levado em conta e é a somatória deste 'tudo' que norteará as minhas inferências. Não podemos também negligenciar a nossa relação com o nosso próprio teórico carregado que, ao contrário do que muitos imaginam, além de nos auxiliar pode também nos atrapalhar, desviando-nos dos caminhos que mais nos aproximariam do real. E muitas vezes, o retorno a este caminho leva milênios. No que é que o teórico carregado pode nos ser útil? Em muitas coisas, mas a principal acho que é o fato de sabermos, por experiência, que os sentidos nos enganam. O maior exemplo que temos a este respeito, é a teoria heliocêntrica contrapondo-se à teoria geocêntrica. E por milênios acreditamos que, conforme nossos sentidos indicavam, era o Sol que girava em torno da Terra. Este deve ser também o maior exemplo do quanto é difícil para o ser humano abdicar daquilo que ele uma vez tomou como sendo 'verdade'. Mas esta grande experiência nos tornou mais cuidadosos, mais vigilantes conosco mesmo na tarefa de interpretar e descobrir. Ainda assim, porque parece ser impossível a atuação de uma razão pura (nem Kant acreditava nisso), cometemos grandes erros, por isso, nem a matemática e nem ciência alguma tem uma trajetória de retidão. E, acredito que é a nossa faculdade da perfectibilidade que nos move para romper estas barreiras em busca de acertos.
Quanto ao entrelaçameto quântico, não tenho dúvida de que existe, sem que seja mero produto de um sentimento, ou ilusão provocada pela nossa sensibilidade. Mas ainda estamos longe de poder enunciar sistemas estruturados em cima de teorias do caos ou do determinismo, ou do caos determinista no universo quântico.
Existe algo além da indiferença e do sentimento? Alguns chamam isso de razão. Mas razão, para mim, já deixou de ser causa para ser efeito (Nietzsche). Outro dia, respondendo a uma pergunta sua eu deixei escapar que a razão é uma arquitetura do instinto... e levaríamos uma vida discutindo sobre isso.
Nossa, raras vezes me deparei com uma pergunta tão perfeita como esta.
Pergunta pra ser boa (pra mim) tem que me fazer pensar e não me arrancar uma resposta imediata e é isto que sua pergunta fez... Me fez pensar.
Sim, existem outras formas de perceber as ditas coisas e a que mais me chamou a atenção foi a "conveniência". O que convêm às pessoas nem sempre é socialmente encaixável em bem ou mal, apenas é adequado à situação e os interesses envolvidos. Até porquê bem e mal são apenas interpretações bem pessoais.
Não sei se consegui dizer exatamente o que pensei, mas com certeza continuarei pensando muito sobre esta resposta.
sim! o conceito de ignorar, pois se alguem me faz o bem é porque me ama, se me faz o mal é porque não gosta de mim e se me ignora, eu não sei se essa pessoa gosta ou não gosta, ou é neutra indiferente!!!
Certamente, pois valorar em "bem" e "mal" é reduzir a vida sob a perspectiva moral, uma alternativa na amplitude interpretativa dos parâmetros esta na leitura artística dos valores estéticos do vivenciado. Na visão cientifica extra moral e na filosofia para além de uma metafisica isso já foi superado. Pressupor bem e mal é enquadrar/engessar a plenitude da vida em uma dualidade ilusória relativa.
O problema do mal e do bem já foi resolvido por Santo Agostinho. Como você deve saber, Santo Agostinho, antes de se converter ao Catolicismo, pertenceu à seita herética dos Maniqueus. Esta seita defendia um dualismo absoluto, dizendo que havia dois princípios na origem de todas as coisas: o Bem e o Mal absolutos.
A Divindade boa fizera tudo o que há de bom, enquanto eles atribuíam todos os males que aparecem no mundo a um Principio Do Mal, Absoluto, igual e contrário a Deus.
Santo Agostinho, no livro Contra Manicheos, refuta o sofisma dualista com maestria.
Diz Santo Agostinho que existir evidentemente é um bem.
ORA, SE O MAL ABSOLUTO EXISTISSE, ELE TERIA O BEM DA EXISTÊNCIA.
LOGO, ELE NÃO SERIA O MAL ABSOLUTO. PORTANTO, O MAL ABSOLUTO NÃO EXISTE E NÃO PODE EXISTIR.
Argumenta ainda Santo Agostinho que mal é o que vai contra a natureza. Portanto o mal não pode ser natureza. O mal enquanto ser não existe.
Dai, se conclui que o mal não existe como coisa. Deus fez tudo o que existe, e a cada coisa que Deus fazia, está escrito no Gênesis, que Deus dizia que cada coisa feita era boa, e que o conjunto do universo é muito bom (Gen. I, 31).
Portanto, o mal não existe enquanto ser, enquanto coisa. Não há coisas más.
Mal é a falta do que deveria existir, ou a falta de ordem. Por exemplo, se a uma pessoa lhe falta um olho, isso é um mal a falta do olho. Se uma pessoa tem uma orelha na testa, isso é mal porque é uma falta de ordem.
O que existe é o mal moral, isto é o mal enquanto ação. Há verbos maus. Não há substantivos maus. Roubar, assassinar, mentir, caluniar, etc são males morais, são ações más.
Roubar, por exemplo, é um mal porque desordena os bens.
O ladrão rouba dinheiro, porque o dinheiro é um bem. Mas, a justiça é um bem maior do que o dinheiro. Ao roubar (verbo que indica ação) o ladrão coloca o bem do dinheiro acima do bem da justiça. Ele desordena os bens, pois a justiça deveria ser posta acima do dinheiro.
Então, só há ações más e não coisas más.
Você poderia me perguntar sobre o demônio, se o demônio não seria absolutamente mau.
Respondo-lhe, que, moralmente, o demônio é absolutamente mau, mas não como ser.
O ser do diabo foi feito por Deus que deu a Lúcifer uma inteligência potentíssima e uma vontade imensa, mas que Lúcifer usou para fazer ações más, para desordenar os bens. Portanto, o diabo ENQUANTO SER CRIADO POR DEUS -- só enquanto criatura feita por Deus, é uma criatura boa, com uma inteligência e uma vontade muito poderosas, que ele usa moralmente mal. Por isso o diabo é moralmente mau. Mas o diabo não pode ser tido como Mal absoluto, pois ele existe, e existir é um bem.
Da mesma forma, você poderia me perguntar se o inferno não seria o mal absoluto.
prefiro percebê-las através da noção de correto e errado...pois atraves
dessa noção se compreende a necessidade de tomar atitudes que comumente
seriam censuráveis, mas que aplicadas corretamente, não violam as regras do bom convivio, pelo contrário, são necessárias para que não gerar desequilibrio e sofrimento
Antes de servir ao divino sob um ponto de vista maniqueísta, seria de maior valia
servir, por convicção e consciência própria, ao que é CORRETO, buscando
na pura e simples Verdade o norteamento de suas ações alcançando assim uma maior
adequação das atitudes e pensamento, respeitando de forma melhor a vida reconhecendo-se igual no semelhante....afinal o sentido maior é a sua continuidade: motivo óbvio por esta opção tão mais completa...
Creio que somente aquele que conhece a sua profundidade e sabe tomar atitudes ponderadas e sensatas é que poderá realmente ajudar alguem...não basta ser "bonzinho".
Acredito que isso se alcança num ponto além do conceito taxativo entre bem e mal
Ahh, me veio a resposta... com os olhos da justiça... não importa se parece bom ou mal, o certo é ser justo ou injusto! Acho q é isto q eu busco pra mim, esse tipo de visão!
Se a pessoa está alinhada(mente, coração, ação, instinto), não comete injustiças, consigo mesmo.
Quer dizer, não adianta uma pessoa ter uma atitude q pra ela é boa na mente, se em sua emoção está com má vontade, ou se vai contra o ritmo do seu corpo, do seu instinto, mesmo fazendo algo q pareça bom, está sendo injusto.
O bebê não faz julgamentos, não tem certos discernimentos, mas sente o desequilíbrio e dor da injustiça, das atitudes indignas. Ninguém nunca viu um bebê maldoso, ou um bebê bondoso(digamos educado, prestativo e blá bla blá), apenas bebês justos. De "deus", digo quase o mesmo, não vê conceitos como bem ou mal, q são relativos e mtas vezes enganadores, apenas vê o ato de realmente estar 'sendo', justo ou injusto! Da sinceridade consigo mesmos!
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Ronis,
Acredito que exista, sim e, se não estou enganada, isso não só é possível como seria o mais correto, se o objetivo é alcançar uma 'verdade'. Pretende-se que toda ciência, e mesmo a filosofia, se desenvolvam para além dos parâmetros do 'bem' e do 'mal'. Se as ações da ciência e da filosofia fossem limitados por estes parâmetros, acho que a sua evolução seria bastante gradual. 'Bem' e 'mal' são noções móveis, transitórias, como quase todas as noções de ordem valorativa, e nem chegam a tangenciar os patamares da necessidade e universalidade, requisitos imprescindíveis para o que, cientificamente, ou filosoficamente se denomina 'verdade'.
Se norteados pelos parâmetros do 'bem' e do 'mal', das vantagens e desvantagens, do oportuno ou inoportuno, do pragmatismo, enfim, dificilmente chegaríamos àquilo que poderíamos consagrar como 'verdade', a não ser pela coincidência ou pelo acaso. Mas o trajeto rumo à 'verdade' ou à descoberta, embora não descarte a possibilidade da coincidência e do acaso, prefere o caminho da heurística com todos os significados que o âmbito da palavra consegue abarcar.
Talvez, o grande pavor dos que se agarram veementemente a esses parâmetros, se deva ao receio de que na ausência das noções de 'bem' e 'mal', toda vilania esteja autorizada e o caos que se formaria ameaçaria toda a civilização esboroar-se na "guerra de todos contra todos". Ocorre que (como defendem muitos pensadores), as civilizações se formaram a partir de necessidades (talvez, até mesmo maior que o instinto gregário) dos homens, guiados aqui, pelo instinto de conservação. Essa conservação, no entanto, depende da sua conservação (não ser excluído) perante os outros indivíduos e, para isso, seria mais do que sensato viver de acordo com as regras que a sociabilidade inevitavelmente impõe. Talvez, seja aqui, o começo do germinar da semente da moralidade e, consequentemente, das noções (porque não podemos dizer 'conceitos') de 'bem' e 'mal', bem como, os 'belos sentimentos' e os 'feios sentimentos', do aprovável e do reprovável. Toda civilização, ou mesmo as pequenas comunidades, tendem a se proteger, se fortalecer e se conservar, para isso cria e utiliza-se do escudo das leis e punem e tentam excluir os infratores.
Com o anúncio da "morte de Deus", feito por Dostoiévski e Nietzsche, ocorre semelhantemente com o caso do 'bem' e do 'mal'. Quando estes dois pensadores lançaram esta frase (Nietzsche repetindo Dostoiévski), "se Deus está morto, tudo é permitido", de modo algum eles quiseram dizer que toda vilania estivesse autorizada. No caso de Nietzsche, ver na morte de Deus a autorização para toda vilania, é a inferência feita pelo 'último homem', ou seja, o mais vil, o mais desprezível da espécie humana. O 'grande homem' verá avultar o fardo de suas responsabilidades.
Mas, nem na ciência e nem na filosofia, nós podemos fazer dos 'belos sentimentos', argumentos que possam dar sustentação a uma 'verdade'. Aqui, a recomendação é que nos coloquemos o mais distante possível do sensível, reservadas as dúvidas levantadas por muitos pensadores em relação à legitimidade de atuação de uma razão 'pura', como Hume, Kant, Schopenhauer, Nietzsche (este último principalmente).
Obrigada pela pergunta maravilhosa. Sei que vc já sabe de tudo isso e muito mais, mas eu só estou respondendo a pergunta de um amigo muito querido.
Beijo
PS: Respondendo à sua pergunta-detalhes: Seria possível observar sem sentimento?
Não sei se a pergunta foi feita para mim, mas acho que ela vale para mim e é bastante oportuna e vc é fogo, não deixa escapar nada!
Estou levando em conta que a palavra 'perceber' que vc empregou, seja com a conotação de captar (algo) com inteligência; formar idéia a respeito de; compreender, descobrir; conhecer (Houaiss). Por outro lado, acho que vc observou que todas as vezes que empreguei a palavra 'verdade', não por acaso, o fiz entre aspas em virtude da minha posição assumida (embora não definitiva), com relação à questão da 'verdade', e que não cabe discutir aqui.
Quando respondi que acredito sim que haja uma outra forma de perceber as coisas além do bem e do mal, levo em alta consideração que perceber ou avaliar além do bem e do mal, não implica de maneira alguma em destituição dos sentimentos, até por que isso é humanamente impossível. Mas implica em destituição de valores pré-concebidos. Para mim, no plano empírico tudo deve ser levado em conta e é a somatória deste 'tudo' que norteará as minhas inferências. Não podemos também negligenciar a nossa relação com o nosso próprio teórico carregado que, ao contrário do que muitos imaginam, além de nos auxiliar pode também nos atrapalhar, desviando-nos dos caminhos que mais nos aproximariam do real. E muitas vezes, o retorno a este caminho leva milênios. No que é que o teórico carregado pode nos ser útil? Em muitas coisas, mas a principal acho que é o fato de sabermos, por experiência, que os sentidos nos enganam. O maior exemplo que temos a este respeito, é a teoria heliocêntrica contrapondo-se à teoria geocêntrica. E por milênios acreditamos que, conforme nossos sentidos indicavam, era o Sol que girava em torno da Terra. Este deve ser também o maior exemplo do quanto é difícil para o ser humano abdicar daquilo que ele uma vez tomou como sendo 'verdade'. Mas esta grande experiência nos tornou mais cuidadosos, mais vigilantes conosco mesmo na tarefa de interpretar e descobrir. Ainda assim, porque parece ser impossível a atuação de uma razão pura (nem Kant acreditava nisso), cometemos grandes erros, por isso, nem a matemática e nem ciência alguma tem uma trajetória de retidão. E, acredito que é a nossa faculdade da perfectibilidade que nos move para romper estas barreiras em busca de acertos.
Quanto ao entrelaçameto quântico, não tenho dúvida de que existe, sem que seja mero produto de um sentimento, ou ilusão provocada pela nossa sensibilidade. Mas ainda estamos longe de poder enunciar sistemas estruturados em cima de teorias do caos ou do determinismo, ou do caos determinista no universo quântico.
Existe algo além da indiferença e do sentimento? Alguns chamam isso de razão. Mas razão, para mim, já deixou de ser causa para ser efeito (Nietzsche). Outro dia, respondendo a uma pergunta sua eu deixei escapar que a razão é uma arquitetura do instinto... e levaríamos uma vida discutindo sobre isso.
Beijo
Sim, existe o bom-senso.
Nossa, raras vezes me deparei com uma pergunta tão perfeita como esta.
Pergunta pra ser boa (pra mim) tem que me fazer pensar e não me arrancar uma resposta imediata e é isto que sua pergunta fez... Me fez pensar.
Sim, existem outras formas de perceber as ditas coisas e a que mais me chamou a atenção foi a "conveniência". O que convêm às pessoas nem sempre é socialmente encaixável em bem ou mal, apenas é adequado à situação e os interesses envolvidos. Até porquê bem e mal são apenas interpretações bem pessoais.
Não sei se consegui dizer exatamente o que pensei, mas com certeza continuarei pensando muito sobre esta resposta.
[]'s
23/02/10
sim! o conceito de ignorar, pois se alguem me faz o bem é porque me ama, se me faz o mal é porque não gosta de mim e se me ignora, eu não sei se essa pessoa gosta ou não gosta, ou é neutra indiferente!!!
O mal é a ausência do bem.
Fora eles com certeza a sensibilidade é uma outra forma.
Certamente, pois valorar em "bem" e "mal" é reduzir a vida sob a perspectiva moral, uma alternativa na amplitude interpretativa dos parâmetros esta na leitura artística dos valores estéticos do vivenciado. Na visão cientifica extra moral e na filosofia para além de uma metafisica isso já foi superado. Pressupor bem e mal é enquadrar/engessar a plenitude da vida em uma dualidade ilusória relativa.
Excelente texto: O mal existe enquanto ser? Existe um ser absolutamente mau?
O MAL E O BEM
<http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&num=100&q...
O problema do mal e do bem já foi resolvido por Santo Agostinho. Como você deve saber, Santo Agostinho, antes de se converter ao Catolicismo, pertenceu à seita herética dos Maniqueus. Esta seita defendia um dualismo absoluto, dizendo que havia dois princípios na origem de todas as coisas: o Bem e o Mal absolutos.
A Divindade boa fizera tudo o que há de bom, enquanto eles atribuíam todos os males que aparecem no mundo a um Principio Do Mal, Absoluto, igual e contrário a Deus.
Santo Agostinho, no livro Contra Manicheos, refuta o sofisma dualista com maestria.
Diz Santo Agostinho que existir evidentemente é um bem.
ORA, SE O MAL ABSOLUTO EXISTISSE, ELE TERIA O BEM DA EXISTÊNCIA.
LOGO, ELE NÃO SERIA O MAL ABSOLUTO. PORTANTO, O MAL ABSOLUTO NÃO EXISTE E NÃO PODE EXISTIR.
Argumenta ainda Santo Agostinho que mal é o que vai contra a natureza. Portanto o mal não pode ser natureza. O mal enquanto ser não existe.
Dai, se conclui que o mal não existe como coisa. Deus fez tudo o que existe, e a cada coisa que Deus fazia, está escrito no Gênesis, que Deus dizia que cada coisa feita era boa, e que o conjunto do universo é muito bom (Gen. I, 31).
Portanto, o mal não existe enquanto ser, enquanto coisa. Não há coisas más.
Mal é a falta do que deveria existir, ou a falta de ordem. Por exemplo, se a uma pessoa lhe falta um olho, isso é um mal a falta do olho. Se uma pessoa tem uma orelha na testa, isso é mal porque é uma falta de ordem.
O que existe é o mal moral, isto é o mal enquanto ação. Há verbos maus. Não há substantivos maus. Roubar, assassinar, mentir, caluniar, etc são males morais, são ações más.
Roubar, por exemplo, é um mal porque desordena os bens.
O ladrão rouba dinheiro, porque o dinheiro é um bem. Mas, a justiça é um bem maior do que o dinheiro. Ao roubar (verbo que indica ação) o ladrão coloca o bem do dinheiro acima do bem da justiça. Ele desordena os bens, pois a justiça deveria ser posta acima do dinheiro.
Então, só há ações más e não coisas más.
Você poderia me perguntar sobre o demônio, se o demônio não seria absolutamente mau.
Respondo-lhe, que, moralmente, o demônio é absolutamente mau, mas não como ser.
O ser do diabo foi feito por Deus que deu a Lúcifer uma inteligência potentíssima e uma vontade imensa, mas que Lúcifer usou para fazer ações más, para desordenar os bens. Portanto, o diabo ENQUANTO SER CRIADO POR DEUS -- só enquanto criatura feita por Deus, é uma criatura boa, com uma inteligência e uma vontade muito poderosas, que ele usa moralmente mal. Por isso o diabo é moralmente mau. Mas o diabo não pode ser tido como Mal absoluto, pois ele existe, e existir é um bem.
Da mesma forma, você poderia me perguntar se o inferno não seria o mal absoluto.
TEXTO COMPLETO NO LINK ABAIXO:
prefiro percebê-las através da noção de correto e errado...pois atraves
dessa noção se compreende a necessidade de tomar atitudes que comumente
seriam censuráveis, mas que aplicadas corretamente, não violam as regras do bom convivio, pelo contrário, são necessárias para que não gerar desequilibrio e sofrimento
Antes de servir ao divino sob um ponto de vista maniqueísta, seria de maior valia
servir, por convicção e consciência própria, ao que é CORRETO, buscando
na pura e simples Verdade o norteamento de suas ações alcançando assim uma maior
adequação das atitudes e pensamento, respeitando de forma melhor a vida reconhecendo-se igual no semelhante....afinal o sentido maior é a sua continuidade: motivo óbvio por esta opção tão mais completa...
Creio que somente aquele que conhece a sua profundidade e sabe tomar atitudes ponderadas e sensatas é que poderá realmente ajudar alguem...não basta ser "bonzinho".
Acredito que isso se alcança num ponto além do conceito taxativo entre bem e mal
Com os olhos de Deus!? Quem sabe!?
Ahh, me veio a resposta... com os olhos da justiça... não importa se parece bom ou mal, o certo é ser justo ou injusto! Acho q é isto q eu busco pra mim, esse tipo de visão!
Se a pessoa está alinhada(mente, coração, ação, instinto), não comete injustiças, consigo mesmo.
Quer dizer, não adianta uma pessoa ter uma atitude q pra ela é boa na mente, se em sua emoção está com má vontade, ou se vai contra o ritmo do seu corpo, do seu instinto, mesmo fazendo algo q pareça bom, está sendo injusto.
O bebê não faz julgamentos, não tem certos discernimentos, mas sente o desequilíbrio e dor da injustiça, das atitudes indignas. Ninguém nunca viu um bebê maldoso, ou um bebê bondoso(digamos educado, prestativo e blá bla blá), apenas bebês justos. De "deus", digo quase o mesmo, não vê conceitos como bem ou mal, q são relativos e mtas vezes enganadores, apenas vê o ato de realmente estar 'sendo', justo ou injusto! Da sinceridade consigo mesmos!
O conceito de bem e mal é individual, não coletivo como a religião quer nos incutir.
Sei o que me faz bem e o que me faz mal, mas não tenho conceitos generalizados para bem e mal.
O que me faz bem pode fazer mal a você...
Então, para perceber as coisas além do conceito de bem e do mal é só tirar a religião da jogada... rsrs
Beijos
sim a justiça e o bom senso