Sou budista e vou tentar te explicar um pouco sobre a religião.
Primeiramente, Buda não é Deus. É um ser humano que alcançou realização e compreensão supra-humanas que está ao alcance de todos nós.
O Budismo é uma religião não-teísta, porque não faz menção alguma a Deus. Mas por que o Budismo não NEGA a existência de Deus? Porque Buda sempre pediu que vessemos as coisas por nós mesmos, então ele não se preocupava em pregar muitas realidades metafísicas. Buda é meio alguém que diz "Eu descobri isso dessa forma. Aplique isso e veja por si mesmo".
Então, perguntas metafísicas como origem do universo não devem ser muito especuladas, apesar de os ensinamentos de Buda não darem fundamento algum a um Deus onipotente, autônomo, independente e criador do mundo.
Quanto a questão se Budismo é religião ou filosofia:
Budismo é religião porque passa um conjunto de doutrinas que devem ser seguidas para atingir um objetivo. Mas o Budismo não é religião no sentido de que não há dogmas, não há coisa alguma que você deva acreditar de forma incontestável - você só deve afirmar algo com certeza se ver por si mesmo.
Budismo é Filosofia porque requer contemplação e reflexão de muitos aspectos das nossas mentes. Entretanto, se você se apegar a essas reflexões você não sairá do lugar - você deve balancear as coisas.
Então, mais do que fé ou filosofar, Budismo é prática - essa é a melhor palavra para 'resumir o Budismo'. Budismo requer que você sinta os fenômenos da mente pela experiência.
O Budismo disse que a vida é sofrimento? Não, a palavra usada pelo Buda, que é Dukkha, é melhor traduzi-la como 'insuportável devido a inconstância'. Dukkha significa o eixo da roda de uma carroça que não estava muito centrada. Se o eixo não estava bem colocado, então a carroça ficava oscilando muito, e a roda ia para cima e para baixo - imagine você nessa carroça, sentiria vontade de vomitar, não? Dukkha representava essa sensação, algo difícil de suportar.
Com o tempo, adaptou-se essa palavra do sânscrito para definir algo que é INSATISFATÓRIO porque gira, assim como a roda de uma carroça. O que gira? Nossas vidas. Elas são cheias de altos e baixos, e por mais que queiramos, nada dura para sempre. Então, não adianta pensar "Quando eu for adulto serei feliz", "Quando eu casar eu serei feliz", "Quando eu me aposentar serei feliz", você ficará se iludindo assim até a sua morte, então, precisamos enxergar que a vida é IMPERMANENTE e INSATISFATÓRIA, porque ela é cíclica, subindo e descendo que nem a roda de uma carroça. Em virtude disso, a vida é complicada às vezes, porque nós nos apegamos aos nossos desejos. Se queremos saúde, basta ficarmos doentes que ficamos infelizes. Mas os nossos corpos são assim, não? Você vai ficar triste porque o dia 'virou' noite? É a natureza, do que adianta sofrer por isso?
Então, todo o treinamento e prática budista visa a uma MUDANÇA DE ATITUDE, e a uma conscientização dessa vida que é impermanente e cíclica. Como é feito esse treinamento?
Começa com um conjunto de regras de VIRTUDE, que, sendo praticadas, nos conduzem ao aprender a estar contente com o agora, presentes no momento e a nos recordarmos constantemente do que a vida é para a olharmos além das nossas perspectivas condicionadas de muito tempo. Quando nossas atitudes melhoram, a MEDITAÇÃO fica mais poderosa, porque nossas mentes aprenderam a se desapegar, e a não serem nem cobiçosas nem aversivas. Logo, na meditação, não podemos querer pensar, mas também não podemos não-querer pensar: se você tentar expulsar seus pensamentos, você só ficará mais tensa e pensativa, então precisamos encontrar o meio aí e nos desapegarmos. Agindo assim na vida e na meditação, nossas mentes ficam concentradas e silenciosas, aí nasce a SABEDORIA.
Essa sabedoria significa que começamos a enxergar as coisas como elas de fato são porque não estamos mais tingido a realidade com nossas opiniões e desejos. Estamos permitindo que ela se apresente como ela de fato é e, assim, percebemos como funcionam nossas mentes de fato e porque sofremos.
Essa é uma forma de 'resumir' o Budismo.
Se desapegar não significa ser passivo. Pelo contrário, você precisará ser energética e paciente (no contexto budista, ter paciência significa suportar mesmo aquilo que você não queria que acontecesse) para conseguir largar seus apegos.
Budismo concorda com a ciência? Muito, não só na questão de meditação, mas Buda falou coisas intrigantes como que o universo está em constante expansão e contração - o que converge com uma das teorias do que acontece antes e depois do Big Bang -, e que é feito de várias 'rodas' - como se ele tivesse visto a forma das galáxias. Então, Budismo concorda com a ciência.
Buda refutou a maneira como a aristocracia hindu aplicava o socialismo e geria o sistema de castas pela transmigração da alma impedindo ascensão social e econômica nas castas baixas. Não refutou a religião hindu
a religião budista (que contém varias filosofiasde evitar sofrimento) se funde com o hinduismo que tem uma porção de deuses, incluindo o Ganesha. No hiduismo, como foi dito, Buda é endeusado como uma das encarnações de Vixnu.
Em complemento ao que já foi dito, puxando mais para o lado de Ganesha, o de cabeça de elefante, e o hinduismo (que não é sinonimo de budismo, mas contém uma linha budista), geralmente Ganesha é filho de Parvati e do seu esposo Shiva, o deus da destruição ou renovação (que junto com Brama da criação e Vixnu da manutenção formam uma espécie de trindade principal do hinduismo, sendo que as vezes Vixnu recebe destaque em seu avatar Krishina, outa importante divindade do hinduismo, caso você esteja querendo estudar essa turma acho que são os principais)
A história de como ele recebeu a cabeça de elefante é variavel, a sua imagem é cheia de simbolos.
Essa resposta é em complemento da outra que reforçou bem do Buda (titulo dado a um cara aparentemente real, que significa iluminado, e que é endeusado no hinduismo), ok?
Ganesha é um semi-deus hindu, Ganesha é o símbolo das soluções lógicas, não tem qualquer ligação com o budismo(não que eu saiba).
O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário da região da Índia. Foi criado por Sidarta Gautama (563? - 483 a.C.?), também conhecido como Buda. Este criou o budismo por volta do século VI a.C. Ele é considerado pelos seguidores da religião como sendo um guia espiritual e não um deus. Desta forma, os seguidores podem seguir normalmente outras religiões e não apenas o budismo.
O início do budismo está ligado ao hinduísmo, religião na qual Buda é considerado a encarnação ou avatar de Vishnu. Esta religião teve seu crescimento interrompido na Índia a partir do século VII, com o avanço do islamismo e com a formação do grande império árabe. Mesmo assim, os ensinamentos cresceram e se espalharam pela Ásia. Em cada cultura foi adaptado, ganhando características próprias em cada região.
Os ensinamentos do budismo têm como estrutura a ideia de que o ser humano está condenado a reencarnar infinitamente após a morte e passar sempre pelos sofrimentos do mundo material. O que a pessoa fez durante a vida será considerado na próxima vida e assim sucessivamente. Esta ideia é conhecida como carma. Ao enfrentar os sofrimentos da vida, o espírito pode atingir o estado de nirvana (pureza espiritual) e chegar ao fim das reencarnações.
Para os seguidores, ocorre também a reencarnação em animais. Desta forma, muitos seguidores adotam uma dieta vegetariana.
A filosofia é baseada em verdades: a existência está relacionada a dor, a origem da dor é a falta de conhecimentos e os desejos materiais. Portanto, para superar a dor deve-se antes livrar-se da dor e da ignorância. Para livrar-se da dor, o homem tem oito caminhos a percorrer: compreensão correta, pensamento correto, palavra, ação, modo de vida, esforço, atenção e meditação. De todos os caminhos apresentados, a meditação é considerado o mais importante para atingir o estado de nirvana.
A filosofia budista também define cinco comportamentos morais a seguir: não maltratar os seres vivos, pois eles são reencarnações do espírito, não roubar, ter uma conduta sexual respeitosa, não mentir, não caluniar ou difamar, evitar qualquer tipo de drogas ou estimulantes. Seguindo estes preceitos básicos, o ser humano conseguirá evoluir e melhorará o carma de uma vida seguinte.
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Saudações!
Sou budista e vou tentar te explicar um pouco sobre a religião.
Primeiramente, Buda não é Deus. É um ser humano que alcançou realização e compreensão supra-humanas que está ao alcance de todos nós.
O Budismo é uma religião não-teísta, porque não faz menção alguma a Deus. Mas por que o Budismo não NEGA a existência de Deus? Porque Buda sempre pediu que vessemos as coisas por nós mesmos, então ele não se preocupava em pregar muitas realidades metafísicas. Buda é meio alguém que diz "Eu descobri isso dessa forma. Aplique isso e veja por si mesmo".
Então, perguntas metafísicas como origem do universo não devem ser muito especuladas, apesar de os ensinamentos de Buda não darem fundamento algum a um Deus onipotente, autônomo, independente e criador do mundo.
Quanto a questão se Budismo é religião ou filosofia:
Budismo é religião porque passa um conjunto de doutrinas que devem ser seguidas para atingir um objetivo. Mas o Budismo não é religião no sentido de que não há dogmas, não há coisa alguma que você deva acreditar de forma incontestável - você só deve afirmar algo com certeza se ver por si mesmo.
Budismo é Filosofia porque requer contemplação e reflexão de muitos aspectos das nossas mentes. Entretanto, se você se apegar a essas reflexões você não sairá do lugar - você deve balancear as coisas.
Então, mais do que fé ou filosofar, Budismo é prática - essa é a melhor palavra para 'resumir o Budismo'. Budismo requer que você sinta os fenômenos da mente pela experiência.
O Budismo disse que a vida é sofrimento? Não, a palavra usada pelo Buda, que é Dukkha, é melhor traduzi-la como 'insuportável devido a inconstância'. Dukkha significa o eixo da roda de uma carroça que não estava muito centrada. Se o eixo não estava bem colocado, então a carroça ficava oscilando muito, e a roda ia para cima e para baixo - imagine você nessa carroça, sentiria vontade de vomitar, não? Dukkha representava essa sensação, algo difícil de suportar.
Com o tempo, adaptou-se essa palavra do sânscrito para definir algo que é INSATISFATÓRIO porque gira, assim como a roda de uma carroça. O que gira? Nossas vidas. Elas são cheias de altos e baixos, e por mais que queiramos, nada dura para sempre. Então, não adianta pensar "Quando eu for adulto serei feliz", "Quando eu casar eu serei feliz", "Quando eu me aposentar serei feliz", você ficará se iludindo assim até a sua morte, então, precisamos enxergar que a vida é IMPERMANENTE e INSATISFATÓRIA, porque ela é cíclica, subindo e descendo que nem a roda de uma carroça. Em virtude disso, a vida é complicada às vezes, porque nós nos apegamos aos nossos desejos. Se queremos saúde, basta ficarmos doentes que ficamos infelizes. Mas os nossos corpos são assim, não? Você vai ficar triste porque o dia 'virou' noite? É a natureza, do que adianta sofrer por isso?
Então, todo o treinamento e prática budista visa a uma MUDANÇA DE ATITUDE, e a uma conscientização dessa vida que é impermanente e cíclica. Como é feito esse treinamento?
Começa com um conjunto de regras de VIRTUDE, que, sendo praticadas, nos conduzem ao aprender a estar contente com o agora, presentes no momento e a nos recordarmos constantemente do que a vida é para a olharmos além das nossas perspectivas condicionadas de muito tempo. Quando nossas atitudes melhoram, a MEDITAÇÃO fica mais poderosa, porque nossas mentes aprenderam a se desapegar, e a não serem nem cobiçosas nem aversivas. Logo, na meditação, não podemos querer pensar, mas também não podemos não-querer pensar: se você tentar expulsar seus pensamentos, você só ficará mais tensa e pensativa, então precisamos encontrar o meio aí e nos desapegarmos. Agindo assim na vida e na meditação, nossas mentes ficam concentradas e silenciosas, aí nasce a SABEDORIA.
Essa sabedoria significa que começamos a enxergar as coisas como elas de fato são porque não estamos mais tingido a realidade com nossas opiniões e desejos. Estamos permitindo que ela se apresente como ela de fato é e, assim, percebemos como funcionam nossas mentes de fato e porque sofremos.
Essa é uma forma de 'resumir' o Budismo.
Se desapegar não significa ser passivo. Pelo contrário, você precisará ser energética e paciente (no contexto budista, ter paciência significa suportar mesmo aquilo que você não queria que acontecesse) para conseguir largar seus apegos.
Budismo concorda com a ciência? Muito, não só na questão de meditação, mas Buda falou coisas intrigantes como que o universo está em constante expansão e contração - o que converge com uma das teorias do que acontece antes e depois do Big Bang -, e que é feito de várias 'rodas' - como se ele tivesse visto a forma das galáxias. Então, Budismo concorda com a ciência.
Se quiser saber mais sobre, à disposição! ^-^
Paz a sua mente.
Sim.
Ganesha (Ganapato) é um dos muitos deuses
cultuados no Budismo.
Buda refutou a maneira como a aristocracia hindu aplicava o socialismo e geria o sistema de castas pela transmigração da alma impedindo ascensão social e econômica nas castas baixas. Não refutou a religião hindu
Deus vai falar com vc
http://www.youtube.com/watch?v=DdVSj46kA%E2%80%A6
a religião budista (que contém varias filosofiasde evitar sofrimento) se funde com o hinduismo que tem uma porção de deuses, incluindo o Ganesha. No hiduismo, como foi dito, Buda é endeusado como uma das encarnações de Vixnu.
Em complemento ao que já foi dito, puxando mais para o lado de Ganesha, o de cabeça de elefante, e o hinduismo (que não é sinonimo de budismo, mas contém uma linha budista), geralmente Ganesha é filho de Parvati e do seu esposo Shiva, o deus da destruição ou renovação (que junto com Brama da criação e Vixnu da manutenção formam uma espécie de trindade principal do hinduismo, sendo que as vezes Vixnu recebe destaque em seu avatar Krishina, outa importante divindade do hinduismo, caso você esteja querendo estudar essa turma acho que são os principais)
A história de como ele recebeu a cabeça de elefante é variavel, a sua imagem é cheia de simbolos.
vc pode ler mais sobre ele aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ganexa
Essa resposta é em complemento da outra que reforçou bem do Buda (titulo dado a um cara aparentemente real, que significa iluminado, e que é endeusado no hinduismo), ok?
Ganesha é um semi-deus hindu, Ganesha é o símbolo das soluções lógicas, não tem qualquer ligação com o budismo(não que eu saiba).
O budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, originário da região da Índia. Foi criado por Sidarta Gautama (563? - 483 a.C.?), também conhecido como Buda. Este criou o budismo por volta do século VI a.C. Ele é considerado pelos seguidores da religião como sendo um guia espiritual e não um deus. Desta forma, os seguidores podem seguir normalmente outras religiões e não apenas o budismo.
O início do budismo está ligado ao hinduísmo, religião na qual Buda é considerado a encarnação ou avatar de Vishnu. Esta religião teve seu crescimento interrompido na Índia a partir do século VII, com o avanço do islamismo e com a formação do grande império árabe. Mesmo assim, os ensinamentos cresceram e se espalharam pela Ásia. Em cada cultura foi adaptado, ganhando características próprias em cada região.
Os ensinamentos do budismo têm como estrutura a ideia de que o ser humano está condenado a reencarnar infinitamente após a morte e passar sempre pelos sofrimentos do mundo material. O que a pessoa fez durante a vida será considerado na próxima vida e assim sucessivamente. Esta ideia é conhecida como carma. Ao enfrentar os sofrimentos da vida, o espírito pode atingir o estado de nirvana (pureza espiritual) e chegar ao fim das reencarnações.
Para os seguidores, ocorre também a reencarnação em animais. Desta forma, muitos seguidores adotam uma dieta vegetariana.
A filosofia é baseada em verdades: a existência está relacionada a dor, a origem da dor é a falta de conhecimentos e os desejos materiais. Portanto, para superar a dor deve-se antes livrar-se da dor e da ignorância. Para livrar-se da dor, o homem tem oito caminhos a percorrer: compreensão correta, pensamento correto, palavra, ação, modo de vida, esforço, atenção e meditação. De todos os caminhos apresentados, a meditação é considerado o mais importante para atingir o estado de nirvana.
A filosofia budista também define cinco comportamentos morais a seguir: não maltratar os seres vivos, pois eles são reencarnações do espírito, não roubar, ter uma conduta sexual respeitosa, não mentir, não caluniar ou difamar, evitar qualquer tipo de drogas ou estimulantes. Seguindo estes preceitos básicos, o ser humano conseguirá evoluir e melhorará o carma de uma vida seguinte.
um elefante cheio de braço