Após a entrada de Sérgio no Ateneu, o local é apresentado de forma minuciosa e estilizada. Há abundância descritiva de detalhes. O narrador se atém a cada episódio, buscando na memória o fio condutor da narrativa. Tudo isso amparado por metáforas e comparações, o que garante uma prosa formalmente hiperbólica, com tom de grandeza, como se o estilo elevasse aquele mundo por meio da linguagem. Assim, a cada episódio são descritos os colegas, os desafetos, os baderneiros, os protetores, os professores, Ema e, principalmente, Aristarco.
As relações entre esses personagens, no relato de Sérgio, formam o Ateneu. Esse, por sua vez, como em O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, funciona na estrutura do livro como personagem. Essa é mais uma das singularidades do romance em relação ao que prescrevia a estética naturalista, para a qual o meio se sobrepunha sempre ao indivíduo, determinando-o, como no caso do citado romance de Aluísio de Azevedo. Em O Ateneu, isso quase sempre ocorre, mas, na caracterização formal que envolve Aristarco e o Ateneu num mesmo grupo de características, o meio e o indivíduo se identificam. Isso torna as forças de determinação do meio quase nulas, colocando em ação a determinação estrutural edificada pelo poder – como acontece na hierarquia institucional, nas relações de trabalho e nas relações sociais.
Aristarco é construído no mesmo processo. Ambos – a escola e seu diretor – são abordados de maneira grandiloqüente, nas comparações com vultos da Antiguidade clássica, deuses e monumentos sacros. No entanto, essa construção mascara um lado torpe. Por baixo da carapaça de uma instituição educacional de renome, há o pior dos mundos, retratado em relações homossexuais degradadas, nas quais os mais fortes subjugam os menores.
Aristarco é visto, inicialmente, como um pedagogo-modelo. Essa imagem, no entanto, como a do próprio internato, não passa de fachada. O diretor é conivente com o ambiente mórbido das relações entre alunos e professores. Tome-se, por exemplo, o caso de Franco, um dos internos, personagem que encarna o aspecto mais doentio do colégio. Abandonado pela família, serve como bode expiatório para Aristarco.
Aristarco e o Ateneu se determinam um em função do outro, tanto no processo de sua construção como na desconstrução, quando tragicamente um interno ateia fogo ao colégio. Ema, esposa de Aristarco, aproveita o momento para fugir e abandonar o marido.
Título do Livro: O ATENEU. Autor: POMPÉIA, Raul Resumo:MOURA, Robson “No Natal de 1895, Raul Pompéia suicidou-se deixando uma obra até volumosa, se considerarmos que ele viveu apenas trinta e dois anos”. Samira Yousserf Campedelli Narrado em primeira pessoa, obra com elementos autobiográficos, O Ateneu foi publicado em folhetins aos vinte e cinco anos do autor – ROMANCE DE FOLHETINS. Esta obra é marcada pela originalidade. É sua declaração de liberdade, mesclando naturalismo com realismo de forma suave, marcado mais intensamente pelo IMPRESSIONISMO. É uma Crônica de Saudade. É a história de uma Escola Tradicionalista, no regime de internato, chamada O ATENEU. Tudo começa, quando um pai vai levar seu filho, Sérgio, para estudar na mesma. Com a frase célebre “Vai encontrar o mundo”. O Filho é retirado cedo da estufa familiar de carinhos e é jogado na Instituição. Famoso, O Ateneu, é dirigido pelo Dr. Aristarco Argolo de Ramos da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte. Casado com D. Ema, “bela mulher em plena prosperidade de Balzac”. Os alunos buscavam nos dois a referência dos pais – pai e mãe – que haviam perdido. Mas tudo era uma ilusão. O Contato de Sérgio com os meninos no início é tímido, seu primeiro contato é com Rebêlo. Sérgio começa a observá-los e faz uma descrição caricaturizada dos meninos. Sua turma com cerca de vinte meninos no início com instruções com o Prof. Mâncio está cheia de criaturinhas deformadas no caráter, ou que sofreram as suas deformações ali. Rebêlo descreve alguns tipos para Sérgio, apresenta afeminados, violentos, ladrões, traidores, covardes e aduladores. Uma pequena horda de deformados. Mas dá-lhe um conselho: “faça-se homem aqui, faça-se homem. Os fracos perdem-se”. Aquilo martelou a cabeça durante um tempo. Insiste avisando-o que no meio dos meninos existem os protetores, nunca admita um protetor. Os conselhos foram esquecidos, Sérgio passa por humilhações, zombarias, empurrões, risadinhas, toda a sorte de discriminação que culmina com ele se engalfinhando com o menino Barbalho. Sérgio se indigna com tudo e com todos e tudo piora quando chega o verão, todos no verão tinham direito a dois banhos num tanque sujo do banho das turmas, uma na água da outra e assim sucessivamente. Esse primeiro banho o enojou, as turmas se confundiam dentro do tanque. De repente, os meninos o puxam, não sabia nadar e o arrastaram até que o Sanches o salvou. Surge uma nova amizade. De repente foi se adaptando aquele ambiente, tornando-se parte dele. Esqueceu os conselhos do Rebêlo e para não sofrer mais desejou um protetor, alguém que o valesse naquele meio hostil, desconhecido. Com pouco tempo: “ia invadindo, como ele observara a efeminação mórbida das escolas”. Os estudos de catecismo que aumentava cada vez mais a sua culpabilidade, o pecado que tudo destruía e ia mudando-o, transformando ele em outra pessoa. Destruindo sua alma. Precisava de um fim, um fim para o Livro das Notas, A Cafua e A Justiça de Arbítrio, criados no Ateneu. As humilhações de Franco sintetizam um universo de sofrimento, o desejo de vingança de Franco seria os desejos de outros meninos. O ateneu é marcado também pela morte de um jardineiro que amava Ângela a camareira. Tudo culmina em degradação. Segue ao tédio corruptor, que leva a loucuras, as traições de Ema, pois o marido só se preocupava com o dinheiro do Ateneu. Para Aristarco tudo visava propagando do Ateneu, Só Ateneu, promover Ateneu e a Festa Colegial era um trunfo. Mas toda forma de corrupção um dia tem um fim. O Ateneu não fugia a regra, era normal no Ateneu ser homossexual, os valores reais eram esquecidos, os meninos corrompidos, pois o Aristarco só se preocupava com o dinheiro. Chegam as férias, nem todos vão para suas casas, entre eles os reclusos das férias, estava um recém matriculado chamado Américo, desde que chegou se desentendeu, não aceitou aqueles valores afeminados, brigou, resistiu, achou uma soluçãoe tomou sua decisão. Tocou fogo em tudo, em toda aquela degradação. “E tudo acabou com um fim brusco de mau romance...Um grito súbito fez-me estremecer no leito: Fogo! fogo! Abri violentamente a janela. O Ateneu ARDIA”.
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ENREDO
Após a entrada de Sérgio no Ateneu, o local é apresentado de forma minuciosa e estilizada. Há abundância descritiva de detalhes. O narrador se atém a cada episódio, buscando na memória o fio condutor da narrativa. Tudo isso amparado por metáforas e comparações, o que garante uma prosa formalmente hiperbólica, com tom de grandeza, como se o estilo elevasse aquele mundo por meio da linguagem. Assim, a cada episódio são descritos os colegas, os desafetos, os baderneiros, os protetores, os professores, Ema e, principalmente, Aristarco.
As relações entre esses personagens, no relato de Sérgio, formam o Ateneu. Esse, por sua vez, como em O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, funciona na estrutura do livro como personagem. Essa é mais uma das singularidades do romance em relação ao que prescrevia a estética naturalista, para a qual o meio se sobrepunha sempre ao indivíduo, determinando-o, como no caso do citado romance de Aluísio de Azevedo. Em O Ateneu, isso quase sempre ocorre, mas, na caracterização formal que envolve Aristarco e o Ateneu num mesmo grupo de características, o meio e o indivíduo se identificam. Isso torna as forças de determinação do meio quase nulas, colocando em ação a determinação estrutural edificada pelo poder – como acontece na hierarquia institucional, nas relações de trabalho e nas relações sociais.
Aristarco é construído no mesmo processo. Ambos – a escola e seu diretor – são abordados de maneira grandiloqüente, nas comparações com vultos da Antiguidade clássica, deuses e monumentos sacros. No entanto, essa construção mascara um lado torpe. Por baixo da carapaça de uma instituição educacional de renome, há o pior dos mundos, retratado em relações homossexuais degradadas, nas quais os mais fortes subjugam os menores.
Aristarco é visto, inicialmente, como um pedagogo-modelo. Essa imagem, no entanto, como a do próprio internato, não passa de fachada. O diretor é conivente com o ambiente mórbido das relações entre alunos e professores. Tome-se, por exemplo, o caso de Franco, um dos internos, personagem que encarna o aspecto mais doentio do colégio. Abandonado pela família, serve como bode expiatório para Aristarco.
Aristarco e o Ateneu se determinam um em função do outro, tanto no processo de sua construção como na desconstrução, quando tragicamente um interno ateia fogo ao colégio. Ema, esposa de Aristarco, aproveita o momento para fugir e abandonar o marido.
Título do Livro: O ATENEU. Autor: POMPÉIA, Raul Resumo:MOURA, Robson “No Natal de 1895, Raul Pompéia suicidou-se deixando uma obra até volumosa, se considerarmos que ele viveu apenas trinta e dois anos”. Samira Yousserf Campedelli Narrado em primeira pessoa, obra com elementos autobiográficos, O Ateneu foi publicado em folhetins aos vinte e cinco anos do autor – ROMANCE DE FOLHETINS. Esta obra é marcada pela originalidade. É sua declaração de liberdade, mesclando naturalismo com realismo de forma suave, marcado mais intensamente pelo IMPRESSIONISMO. É uma Crônica de Saudade. É a história de uma Escola Tradicionalista, no regime de internato, chamada O ATENEU. Tudo começa, quando um pai vai levar seu filho, Sérgio, para estudar na mesma. Com a frase célebre “Vai encontrar o mundo”. O Filho é retirado cedo da estufa familiar de carinhos e é jogado na Instituição. Famoso, O Ateneu, é dirigido pelo Dr. Aristarco Argolo de Ramos da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte. Casado com D. Ema, “bela mulher em plena prosperidade de Balzac”. Os alunos buscavam nos dois a referência dos pais – pai e mãe – que haviam perdido. Mas tudo era uma ilusão. O Contato de Sérgio com os meninos no início é tímido, seu primeiro contato é com Rebêlo. Sérgio começa a observá-los e faz uma descrição caricaturizada dos meninos. Sua turma com cerca de vinte meninos no início com instruções com o Prof. Mâncio está cheia de criaturinhas deformadas no caráter, ou que sofreram as suas deformações ali. Rebêlo descreve alguns tipos para Sérgio, apresenta afeminados, violentos, ladrões, traidores, covardes e aduladores. Uma pequena horda de deformados. Mas dá-lhe um conselho: “faça-se homem aqui, faça-se homem. Os fracos perdem-se”. Aquilo martelou a cabeça durante um tempo. Insiste avisando-o que no meio dos meninos existem os protetores, nunca admita um protetor. Os conselhos foram esquecidos, Sérgio passa por humilhações, zombarias, empurrões, risadinhas, toda a sorte de discriminação que culmina com ele se engalfinhando com o menino Barbalho. Sérgio se indigna com tudo e com todos e tudo piora quando chega o verão, todos no verão tinham direito a dois banhos num tanque sujo do banho das turmas, uma na água da outra e assim sucessivamente. Esse primeiro banho o enojou, as turmas se confundiam dentro do tanque. De repente, os meninos o puxam, não sabia nadar e o arrastaram até que o Sanches o salvou. Surge uma nova amizade. De repente foi se adaptando aquele ambiente, tornando-se parte dele. Esqueceu os conselhos do Rebêlo e para não sofrer mais desejou um protetor, alguém que o valesse naquele meio hostil, desconhecido. Com pouco tempo: “ia invadindo, como ele observara a efeminação mórbida das escolas”. Os estudos de catecismo que aumentava cada vez mais a sua culpabilidade, o pecado que tudo destruía e ia mudando-o, transformando ele em outra pessoa. Destruindo sua alma. Precisava de um fim, um fim para o Livro das Notas, A Cafua e A Justiça de Arbítrio, criados no Ateneu. As humilhações de Franco sintetizam um universo de sofrimento, o desejo de vingança de Franco seria os desejos de outros meninos. O ateneu é marcado também pela morte de um jardineiro que amava Ângela a camareira. Tudo culmina em degradação. Segue ao tédio corruptor, que leva a loucuras, as traições de Ema, pois o marido só se preocupava com o dinheiro do Ateneu. Para Aristarco tudo visava propagando do Ateneu, Só Ateneu, promover Ateneu e a Festa Colegial era um trunfo. Mas toda forma de corrupção um dia tem um fim. O Ateneu não fugia a regra, era normal no Ateneu ser homossexual, os valores reais eram esquecidos, os meninos corrompidos, pois o Aristarco só se preocupava com o dinheiro. Chegam as férias, nem todos vão para suas casas, entre eles os reclusos das férias, estava um recém matriculado chamado Américo, desde que chegou se desentendeu, não aceitou aqueles valores afeminados, brigou, resistiu, achou uma soluçãoe tomou sua decisão. Tocou fogo em tudo, em toda aquela degradação. “E tudo acabou com um fim brusco de mau romance...Um grito súbito fez-me estremecer no leito: Fogo! fogo! Abri violentamente a janela. O Ateneu ARDIA”.
Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/1655271-ateneu/#i...