São Borja possui três Cruzes de Lorena na entrada da cidade, cada uma representa um século de história. Um belo monumento sem dúvida nenhuma. No entanto, a tipologia da cruz adotada na época do tricentenário, em 1982, não é a mesma dos outros 29 povos missioneiros: a Cruz Missioneira!
A Cruz de Lorena foi adotada por diversas entidades sociais e está até no brasão do município. Os são-borjenses não notam a diferença, mas qualquer missioneiro que venha dos outros povos, a primeira coisa que pergunta é o porquê da Cruz de São Borja ser diferente. Mas faz diferença qual cruz foi adotada? Sim! pois sua representação e simbologia tem significados diferentes. A Cruz de Lorena também é utilizada nas Missões, assim como a Cruz de Borgonha, a Cruz Arquiepiscopal ou Cardinalícia, a Cruz Episcopal e a Cruz Patriarcal. No entanto, a Cruz Missioneira é símbolo dos outros 29 povos Missioneiros e representa hoje o símbolo que identifica as Missões para todo o Estado gaúcho.
Na realidade a Cruz Missioneira é uma réplica da "Cruz de Caravaca", sendo “Caravaca de La Cruz”, uma cidade na província de Múrcia, na Espanha, de onde teve origem grande parte dos Padres Jesuítas que aqui no Novo Mundo chegaram para catequizar os índios Guaranis, e construir um modelo de civilização, até então diferente de tudo visto na Europa.
A diferença física entre a Cruz Missioneira e a de Lorena são detalhes, mas os significados são grandes. A primeira tem nas pontas os trevos trifólicos, dos quais o terceiro ou do meio se acha invariavelmente cortado de forma reta, em quanto que a segunda os trevos são completos, redondos.
Em mapa encontrado recentemente no Arquivo Geral do Vaticano, datado de 1691, e que contém a disposição e distância dos Povos Missioneiros, consta em cima de cada Redução, uma Cruz Missioneira, o que reafirma cada vez mais como o símbolo máximo dos 30 povos.
A Cruz Missioneira era usada pelos índios como símbolo do bem contra o mal. Os dois braços simbolizam a fé redobrada e o portador da cruz ao fazer um pedido a Deus devia mantê-lo em secreto. A cruz é considerada como um amuleto, uma proteção espiritual contra todos os males.
Já existe movimento em São Borja para promover a Cruz Missioneira. Recentemente, a
Prefeitura mandou confeccionar duas Cruzes Missioneiras, obras talhadas pelo artista plástico Rossini Rodrigues, que foram colocadas no trevo da Vila Cabeleira e outra no trevo da ponte da Integração.
Fica a sugestão aos governantes que coloquem também uma réplica da Cruz Missioneira nos trevos de acesso à cidade, e outra no Cais do Porto de São Borja, porta de entrada dos missioneiros, no século XVII. Lembrando que na redução eram quatro, uma em cada canto da praça missioneira.
Em Itaqui colocaram a sua no Parcão.
Matéria publicada no Jornal Armazém da Cultura Edição 01 de agosto de 2011.
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A Cruz Missioneira
São Borja possui três Cruzes de Lorena na entrada da cidade, cada uma representa um século de história. Um belo monumento sem dúvida nenhuma. No entanto, a tipologia da cruz adotada na época do tricentenário, em 1982, não é a mesma dos outros 29 povos missioneiros: a Cruz Missioneira!
A Cruz de Lorena foi adotada por diversas entidades sociais e está até no brasão do município. Os são-borjenses não notam a diferença, mas qualquer missioneiro que venha dos outros povos, a primeira coisa que pergunta é o porquê da Cruz de São Borja ser diferente. Mas faz diferença qual cruz foi adotada? Sim! pois sua representação e simbologia tem significados diferentes. A Cruz de Lorena também é utilizada nas Missões, assim como a Cruz de Borgonha, a Cruz Arquiepiscopal ou Cardinalícia, a Cruz Episcopal e a Cruz Patriarcal. No entanto, a Cruz Missioneira é símbolo dos outros 29 povos Missioneiros e representa hoje o símbolo que identifica as Missões para todo o Estado gaúcho.
Na realidade a Cruz Missioneira é uma réplica da "Cruz de Caravaca", sendo “Caravaca de La Cruz”, uma cidade na província de Múrcia, na Espanha, de onde teve origem grande parte dos Padres Jesuítas que aqui no Novo Mundo chegaram para catequizar os índios Guaranis, e construir um modelo de civilização, até então diferente de tudo visto na Europa.
A diferença física entre a Cruz Missioneira e a de Lorena são detalhes, mas os significados são grandes. A primeira tem nas pontas os trevos trifólicos, dos quais o terceiro ou do meio se acha invariavelmente cortado de forma reta, em quanto que a segunda os trevos são completos, redondos.
Em mapa encontrado recentemente no Arquivo Geral do Vaticano, datado de 1691, e que contém a disposição e distância dos Povos Missioneiros, consta em cima de cada Redução, uma Cruz Missioneira, o que reafirma cada vez mais como o símbolo máximo dos 30 povos.
A Cruz Missioneira era usada pelos índios como símbolo do bem contra o mal. Os dois braços simbolizam a fé redobrada e o portador da cruz ao fazer um pedido a Deus devia mantê-lo em secreto. A cruz é considerada como um amuleto, uma proteção espiritual contra todos os males.
Já existe movimento em São Borja para promover a Cruz Missioneira. Recentemente, a
Prefeitura mandou confeccionar duas Cruzes Missioneiras, obras talhadas pelo artista plástico Rossini Rodrigues, que foram colocadas no trevo da Vila Cabeleira e outra no trevo da ponte da Integração.
Fica a sugestão aos governantes que coloquem também uma réplica da Cruz Missioneira nos trevos de acesso à cidade, e outra no Cais do Porto de São Borja, porta de entrada dos missioneiros, no século XVII. Lembrando que na redução eram quatro, uma em cada canto da praça missioneira.
Em Itaqui colocaram a sua no Parcão.
Matéria publicada no Jornal Armazém da Cultura Edição 01 de agosto de 2011.
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