Gostaria da opinião sobre o livro acima. Achei o título interessante, mas não sei se o enredo é bom. alguém já leu?
Já leram também Vita Brevis de Jostein Gaarder? é bom?
E quanto ao livro Maya, do mesmo autor?
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Se um viajante numa noite de inverno - é um livro é complexo e interessante.
O personagem principal da obra é o Leitor, e sua missão é ler livros. Só que, estranhamente, todos os livros que ele lê (e você os lê junto!) são interrompidos de forma misteriosa por motivos os mais diversos. E nessa colagem de textos distintos, nesse emaranhado de romances que começam e não terminam, você (que em certo ponto já começa a se confundir com o Leitor) sente-se indignado junto com o personagem, pois também tem interesse em saber o que aconteceria além do que foi lido, ao mesmo tempo que se sente curioso em saber o que vai acontecer com o Leitor, e também em seu envolvimento com a Leitora.
De Ãtalo Calvino , só li O Visconde partido ao meio e gostei muito.
Despertou minha curiosidade,vou ler.
Beijo.
o enrredo nao sei informar
mas o conteudo e muito bom
otimas estorias ok
Se um viajante numa noite de inverno relata a jornada do Leitor, personagem principal do romance, em busca do fim da história. Abandonando sua confortável posição passiva de leitor, ele parte em busca do texto original - ao todo são dez romances em diferentes estilos que, por uma série de motivos rocambolescos, permanecem inacabados para o Leitor. A busca de um determinado livro sempre o leva ao encontro de outro livro, totalmente diverso ao anterior, igualmente instigante e surpreendente, mas, como o anterior, sem um fim. Nesta viagem, onde todos os caminhos sempre se bifurcam, somos convidados a percorrer um labirinto de livros, de imagens, de mistérios, de formas, de sonhos, de violência, de falsificações, onde o humor e a angústia permanecem inseparáveis. Ao percebermos a estrutura monstruosa, a grande rede que vai se montando a cada página virada, será tarde demais: entramos no romance (e no labirinto).
O livro começa com a leitura do romance Se um viajante numa noite de inverno de Italo Calvino. Em determinado ponto da leitura, a melhor parte, o Leitor descobre que o livro está defeituoso, as páginas se repetem. Contrariado, o Leitor se dirige à livraria para procurar o livro perdido e encontra a Leitora: Ludmilla, que está com o mesmo problema que ele. Ambos descobrem que o romance iniciado não é de Calvino, mas de um autor polonês. O Leitor já não se interessa mais pelo livro de Calvino, ele deseja agora continuar a leitura do livro polonês. Mas, novamente outro erro: o romance que ele tem nas mãos não é polonês e sim cimério. Intrigado, o Leitor marca um encontro com Ludmilla na pequena sala do professor de literatura Uzi-Tuzii, estudioso da lÃngua ciméria. Quando o leitor menciona ao professor os nome dos personagens, este imediatamente o reconhece como a obra do maior representante da literatura ciméria: Ukko Ahti. E se põe a traduzir a obra em cimério ao improviso. Mas, tanto a Leitora como o Leitor verificam que, novamente, se trata de um outro romance. Destarte, saltando de história em história, inicia-se a jornada do Leitor, e também a nossa, no labirinto de livros apócrifos.
Se um viajante numa noite de inverno reproduz este mecanismo - busca e perda do fio da história-, dez vezes. Esta estrutura modular, combinatória, mecânica até, resulta numa força investigativa incrÃvel, interromper os romances sempre no momento mais interessante, instiga não só o Leitor – personagem do romance – , mas nós leitores a buscar um fim para as histórias. à um jogo de combinação (um puzzle) que Calvino nos propõe, e o valor do jogo encontra-se na própria busca, no exercÃcio consciente e constante de encontrar uma orientação (o fio da meada) no texto. Dentro do jogo somos estimulados a criar um final para cada livro interrompido (o que multiplica a ação da leitura ao infinito) e desafiados a tentar descobrir entre eles uma coerência narrativa; tal como existe nos capÃtulos que relatam a jornada do Leitor em busca do fim da história. Neste tipo de literatura (hipertexto ou hiper-romance) o leitor transformado também em autor, não se limita apenas a reconstruir a narrativa, ele a cria e a inventa de novo, de forma totalmente imprevisÃvel: “é a ação da leitura que se torna decisiva; é do leitor o papel de fazer com que a literatura explique a sua força crÃtica e isto pode vir independentemente da intenção do autor” (CALVINO, 1995, 10). A particularidade da literatura está no fato de que ela constitui uma comunicação: o autor não tem como precisar o que ele teve a intenção de dizer. Feito estas ressalvas, nos sentimos um pouco mais à vontade para exercer nossa apropriação do texto.
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