A lenda grega de Narciso conta que ele era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo. Blz...
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
Eco e Narciso (1903) por John William Waterhouse.Na Mitologia Grega, Narciso (do Grego Νάρκισσος), era um herói do território de Téspias na Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.
Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídeo, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada entre os papiros encontrados em Nag Hammadi, ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
Nas Metamorfoses, Ovídeo conta a história de uma ninfa bela e graciosa chamada [Eco] que amava Narciso em vão. A beleza de Narciso era tão inigualável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso.
Esta, uma versão mais arcaica do que a contada por Ovídeo nas suas Metamorfoses, é um conto moral no qual o orgulhoso e insensível Narciso é punido por ter desprezado todos os seus pretendentes masculinos. Pensa-se que era um conto de aviso dirigido aos rapazes adolescentes. Até recentemente, a única fonte desta versão era um segmento em Pausânias (9.31.7), cerca de 150 anos após Ovídeo. Contudo, um relato muito parecido foi descoberto entre os papiros de Oxyrhynchus em 2004, um relato que antecede a versão de Ovídeo por pelo menos quinze anos.
Nesta história, Amantis, um jovem, amava Narciso mas era desprezado. Para se livrar do chato Amantis, Narciso deu-lhe uma espada de presente. Amantis usou essa espada para se matar à porta de Narciso e rogou a Némesis que Narciso conhecesse um dia a dor do amor não correspondido. Esta maldição foi cumprida quando Narciso ficou encantado pelo seu reflexo na lagoa e tentou seduzir o belo rapaz, não se apercebendo de que aquele que ele olhava era ele próprio. Completando a simetria do conto, Narciso toma a sua espada e mata-se por desgosto[1].
Diferentes versões da história dizem que Narciso, após desdenhar os seus pretendentes masculinos, foi amaldiçoado pelos deuses para amar o primeiro homem em que pousasse os olhos. Enquanto caminhava pelos jardins de Eco, descobriu a lagoa de Eco e viu o seu reflexo na água. Apaixonando-se profundamente por si próprio, inclinou-se cada vez mais para o seu reflexo na água, acabando por cair na lagoa e se afogar.
O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso, e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações daqueles que se apaixonaram pela sua beleza.
A parábola de Narciso tem sido uma grande fonte de inspiração para os artistas há pelo menos dois mil anos, começando com o poeta romano Ovídeo (livro III das Metamorfoses). Isto foi seguido em séculos mais recentes por outros poetas como (John Keats), e pintores (Caravaggio, Nicolas Poussin, Turner, Salvador Dalí, e Waterhouse). No romance de Stendhal Le Rouge et le Noir (1830), há um narcisista clássico na personagem de Mathilde. Diz o príncipe Korasoff a Julien Sorel, o protagonista, sobre a sua amada:
Ela olha para ela em vez de olhar para ti, e por isso não te conhece.
Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.
O mito tem uma influência decidida na cultura homoerótica inglesa Vitoriana, por via da influência de André Gide no seu estudo do mito Traité du Narcisse ('O tratado de Narciso', 1891), e da influência de Oscar Wilde. Também, muitas personagens dos escritos de Fyodor Dostoevsky (escritor russo do séc. XIX) são tipos de Narcisos solitários, tal como Yakov Petrovich Golyadkin em "The Double" (Publicado em 1846).
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
A lenda grega de Narciso conta que ele era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo
Muitas das ideias contemporâneas relativas ao narcisismo podem ser descobertas em estado embrionário no mito clássico de Narciso, ao qual a síndrome vai buscar o seu nome.
A história começa não com Narciso mas com Tirésias, o único de entre os seres humanos a viver ao mesmo tempo como homem e mulher, e que foi por isso chamado por Júpiter e Juno a intervir na sua querela acerca de quem extraía maior prazer do acto sexual: o homem ou a mulher. O voto de Tirésias foi favorável às mulheres. (Embora em algumas versões responda diplomaticamente que, enquanto as mulheres fazem dez vezes a experiência da máxima intensidade do prazer, os homens experimentam-na com uma frequência dez vezes maior!) Juno, numa cólera inexplicável, fere-o de cegueira, ao passo que, para o compensar, Júpiter concede a Tirésias uns olhos interiores, que lhe comunicam o dom da profecia. Ovídio aborda assim os temas narcísicos do prazer corporal, da inveja e da dificuldade de saber o que realmente sentem os outros, especialmente quando nós próprios estamos consumidos pelo desejo.
Narciso nasceu da violação da sua mãe Liriope por Céfiso, deus fluvial. Era extraordinariamente belo de nascença, a tal ponto que vozes invejosas se dirigiram a Tirésias perguntando-lhe como era possível que uma criatura tão bela permanecesse viva. Introduz-se aqui o tema profundo da transitoriedade da beleza e dos laços que unem o narcisismo, a inveja e a morte.
Tirésias responde enigmaticamente: Narciso pode viver muito tempo, a menos que aprenda a conhecer-se a si próprio. O paradoxo gira em torno do a menos que fatal. O terrível dilema do narcisismo é assim elegantemente resumido: o sujeito narcísico está condenado ou a permanecer prisioneiro do mundo de sombras do seu amor por si próprio ou a libertar-se da servidão do auto-desconhecimento (e, implicitamente, da incapacidade de conhecer os outros), mas ao preço da morte. Embora o sujeito narcísico pense apenas em si próprio, nunca poderá por ironia realmente conhecer-se, uma vez que não pode tomar uma posição exterior a si e ver-se como realmente é. Se se revelasse capaz de aceitar o murchar da beleza, então o seu encanto seria digno de celebração; mas, através da sua denegação auto-enaltecedora da realidade da perda e da mudança, essa beleza transforma-se em monstruosidade.
Narciso cresce e torna-se um belo jovem. É causa de muitos amores. Eco vê-o e apaixona-se instantaneamente por ele. Outrora faladora, Eco punida por falar de mais, quando Juno, a sua mãe, a privara do uso da palavra ao descobrir que Júpiter se servia dela, fazendo-a ficar a conversar com a esposa, enquanto se dedicava à perseguição de outras mulheres. Tudo o que Eco podia fazer agora era repetir as palavras que acabasse de ouvir. Como declararia a Narciso o seu amor? Este perde-se um dia nos bosques e chama pelos seus amigos: Vinde a mim. Eco mostra-se então: A mim, a mim, chama ela, por seu turno. Narciso volta-se e foge: Preferiria morrer a deixar que me tocasses. Eco, humilhada, morre lentamente do seu amor perdido, e tudo o que resta dela é a sua voz.
Narciso despedaça corações. Não é capaz de ver o efeito que as suas acções têm sobre os outros. Atrai aduladores e admiradores, eles próprios narcisicamente traumatizados, que põem as suas esperanças na possibilidade de uma glória por reflexo. A deusa-mãe (Juno) de Eco sente tanta inveja da relação desta com o seu deus-pai (Júpiter) que frustra a relação pai-filha tão fundamental para a formação de um narcisismo feminino saudável -- essa relação em que a filha adolescente sabe que o pai a acha bela, ao mesmo tempo, todavia, que mantém o mais absoluto respeito pela sua sexualidade.
Eco, a hipervigilante, transforma-se no espelho do negligente Narciso. Ele é intocável; ela alimenta eternamente o desejo de estar nos seus braços. Ele só pensa em si próprio e é de um egoísmo implacável; ela só é capaz de pensar nele, e a sua auto-estima permanece frágil até à morte. Ele não é capaz de se identificar com os outros e assim transforma as suas vozes na sua própria voz, tornando desse modo mais extensa a sua personalidade; ela não tem voz própria, e está condenada à palidez da imitação. Em termos de apego, a angústia é a marca de ambos: ela agarra-se ansiosamente ao seu objecto, ele mantém-se para sempre à distância.
Muitos outros caem irremediavelmente apaixonados por Narciso. Até que um deles, num movimento terapêutico decisivo, tem a coragem de enfrentar aquele que o atormenta. (Trata-se de um ele -- o que introduz uma sugestão de bissexualidade no mito, como se Narciso não fosse capaz de se contentar com o amor de um sexo só.)
Que Narciso ame e sofra
Como nos fez sofrer a nós
Que ame e saiba, como nós, que não há esperança...
Um dia, ao regressar da caça cheio de sede, Narciso descobriu um lago de água esplêndida e ao debruçar-se para beber:
Uma estranha outra sede, uma ânsia, desconhecida,
Penetrou o seu corpo com a água,
E penetrou os seus olhos
Com a imagem reflectida no espelho...
E como o gosto da água o transbordou
Assim o fez o amor.
Narciso profundamente apaixonado pela sua própria imagem. Mas quanto mais se esforça por se abraçar a si próprio, por beijar os lábios que pareciam subir à tona para o beijar, mais cresce a frustração e o seu mal de amor. Amaldiçoa o seu destino. Separado para sempre do seu objecto de amor, faz pela primeira vez a experiência da perda e da dor. Ei-lo chegado, enfim, ao conhecimento de si próprio:
Tu és eu. Vejo-o agora...
Mas é tarde de mais
É por mim que estou apaixonado...
Estranha prece nova, a do amante
Que deseja a separação do ser amado.
Narciso compreende que tem de morrer: Sou uma flor cortada, que a morte venha depressa. Sente, enfim, compaixão por outrem: Aquele que amei deveria viver. Deveria continuar a viver depois de mim, inocentemente. Mas sabe que é impossível. Quando morre, morrem ele e o si-próprio em que observado se desdobra -- e até mesmo ao atravessar o Letes não resiste a espreitar-se de relance nas águas. Mas, no momento da morte, Narciso transforma-se -- é metamorfoseado -- numa bela flor. Até hoje, o narciso, com as suas pétalas delicadas e a sua fragrância sedutora, continua a prestar homenagem à presciência de Tirésias.
Tirésias, como um bom psicoterapeuta, sabia que para sobrevivermos psicologicamente, temos de superar o nosso narcisismo. Se formos capazes de aceitar que somos transitórios e mortais, seremos capazes de nos transformar -- a nossa auto-estima será segura e seremos contemplados com uma beleza interior. Caso contrário, estaremos condenados à morte em vida ou à morte pura e simples, talvez às nossas próprias mãos, à medida que o nosso narcisismo se for tornando cada vez mais exigente e insistente. Criaremos uma pele grossa por cima da vulnerabilidade que nos fez evitar as relações com os outros. Amando-nos apenas a nós próprios invejaremos os que são capazes de ter relações com os outros, e faremos todos os possíveis por destruí-los, usando a nossa beleza como uma arma.
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega. Narciso era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco - segundo outras fontes, do jovem Amantis - e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. A flor conhecida pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde morrera. Em outra versão da lenda, Narciso contemplava a própria imagem para recordar os traços da irmã gêmea, morta tragicamente. Foi, no entanto, a versão tradicional, reproduzida no essencial por Ovídio em Metamorfoses, que se transmitiu à cultura ocidental por intermédio dos autores renascentistas. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo.
Certa vez havia um jovem chamado Narciso, tão belo que muitas virgens donzelas e jovens homens apaixonaram-se por ele. Mas Narciso em nada se envolveria com os comuns. Ele acreditava estar acima de todos os outros e os rejeitava cruelmente.
Um jovem, tendo sido tão maltratado, pediu à Deusa da Vingança, Nemesis, que Narciso conhecesse a dor do amor não correspondido. Nemesis acolheu o pedido e aprovou, e então ficou decidido que Narciso conheceria a dor que causava aos outros.
Enquanto isso, o Deus Júpiter passava o dia a deleitar-se com as Ninfas. Certa vez, quando julgou estar sua esposa, Juno, aproximando-se, enviou uma das Ninfas, Eco, para cruzar o caminho de sua esposa a falar-lhe até que Júpiter tivesse tempo de escapar, de forma que ele não foi pego. Mas Juno percebeu o que havia acontecido e ficou furiosa. Ela jurou que Eco não mais falaria distraindo-a novamente, e tirou a fala da Ninfa, de maneira que ela apenas repetiria as últimas palavras ditas por alguém.
Um dia, Narciso estava caçando com seus amigos e acabou por separar-se deles. Ele desviou-se para uma clareira onde havia um cintilante lago. Eco encontrava-se sentada próxima ao lago e o avistou, apaixonou-se imediatamente. Narciso então gritou para a clareira, "Há mais alguém aqui?" e Eco respondeu, "Aqui!". "Vamos nos conhecer!", replicou Narciso. Eco alegremente respondeu, "Vamos nos conhecer!", e em seguida correu em direção a Narciso. Mas quando ela tentou abraçá-lo, ele recuou com repugnância e disse-lhe numa linguagem áspera que nada queria com ela. Entristecida, Eco fugiu para uma caverna onde desejou Narciso até a exaustão, quando, já exaurida, apenas sua voz remanesceu.
Afrodite, já alertada por Nemesis, indignou-se com o desdém de Narciso para com o amor da Ninfa e decidiu puni-lo. Assim, quando Narciso foi novamente ao lago para refrescar-se, debruçou-se sobre as águas resplandecentes e viu um belo jovem sob ele. Ele nunca houvera visto seu próprio reflexo, e não fazia idéia que aquele jovem era ele mesmo. Apaixonou-se imediatamente pelo rapaz do lago e pensou ser recíproco o seu sentimento. Assim que ele sorriu, o rapaz também sorriu para ele. Quando ele tentou alcançar o jovem, os braços refletidos estenderam-se em sua direção. Mas quando tentou toca-los, as águas ondularam-se e a imagem desapareceu. Ele chorou e lamentou até perceber que se apaixonara por seu próprio reflexo. Mas já era tarde. Ele estava tão profundamente apaixonado que tudo o que podia fazer era ficar onde estava olhado para si mesmo até o esgotamento.
Exausto, Narciso caiu no lago. Quando ele morreu, muitos ficaram de luto, ninguém tanto quanto Eco, que, agora sendo apenas uma voz na caverna, calorosamente repetia as lamentações dos outros. Quando ele finalmente sucumbiu, nada remaneceu, apenas uma linda flor branca e ouro.
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
Eco e Narciso (1903) por John William Waterhouse.Na Mitologia Grega, Narciso (do Grego Νάρκισσος), era um herói do território de Téspias na Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.
Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídeo, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada entre os papiros encontrados em Nag Hammadi, ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
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A lenda grega de Narciso conta que ele era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo. Blz...
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
Eco e Narciso (1903) por John William Waterhouse.Na Mitologia Grega, Narciso (do Grego Νάρκισσος), era um herói do território de Téspias na Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.
Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídeo, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada entre os papiros encontrados em Nag Hammadi, ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
Nas Metamorfoses, Ovídeo conta a história de uma ninfa bela e graciosa chamada [Eco] que amava Narciso em vão. A beleza de Narciso era tão inigualável que ele pensava que era semelhante a um deus, comparável à beleza de Dionísio e Apolo. Como resultado disso, Narciso rejeitou a afeição de Eco até que esta, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso.
Esta, uma versão mais arcaica do que a contada por Ovídeo nas suas Metamorfoses, é um conto moral no qual o orgulhoso e insensível Narciso é punido por ter desprezado todos os seus pretendentes masculinos. Pensa-se que era um conto de aviso dirigido aos rapazes adolescentes. Até recentemente, a única fonte desta versão era um segmento em Pausânias (9.31.7), cerca de 150 anos após Ovídeo. Contudo, um relato muito parecido foi descoberto entre os papiros de Oxyrhynchus em 2004, um relato que antecede a versão de Ovídeo por pelo menos quinze anos.
Nesta história, Amantis, um jovem, amava Narciso mas era desprezado. Para se livrar do chato Amantis, Narciso deu-lhe uma espada de presente. Amantis usou essa espada para se matar à porta de Narciso e rogou a Némesis que Narciso conhecesse um dia a dor do amor não correspondido. Esta maldição foi cumprida quando Narciso ficou encantado pelo seu reflexo na lagoa e tentou seduzir o belo rapaz, não se apercebendo de que aquele que ele olhava era ele próprio. Completando a simetria do conto, Narciso toma a sua espada e mata-se por desgosto[1].
Diferentes versões da história dizem que Narciso, após desdenhar os seus pretendentes masculinos, foi amaldiçoado pelos deuses para amar o primeiro homem em que pousasse os olhos. Enquanto caminhava pelos jardins de Eco, descobriu a lagoa de Eco e viu o seu reflexo na água. Apaixonando-se profundamente por si próprio, inclinou-se cada vez mais para o seu reflexo na água, acabando por cair na lagoa e se afogar.
O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso, e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações daqueles que se apaixonaram pela sua beleza.
A parábola de Narciso tem sido uma grande fonte de inspiração para os artistas há pelo menos dois mil anos, começando com o poeta romano Ovídeo (livro III das Metamorfoses). Isto foi seguido em séculos mais recentes por outros poetas como (John Keats), e pintores (Caravaggio, Nicolas Poussin, Turner, Salvador Dalí, e Waterhouse). No romance de Stendhal Le Rouge et le Noir (1830), há um narcisista clássico na personagem de Mathilde. Diz o príncipe Korasoff a Julien Sorel, o protagonista, sobre a sua amada:
Ela olha para ela em vez de olhar para ti, e por isso não te conhece.
Durante as duas ou três pequenas explosões de paixão que ela se permitiu a teu favor, ela, por um grande esforço de imaginação, viu em ti o herói dos seus sonhos, e não tu mesmo como realmente és.
O mito tem uma influência decidida na cultura homoerótica inglesa Vitoriana, por via da influência de André Gide no seu estudo do mito Traité du Narcisse ('O tratado de Narciso', 1891), e da influência de Oscar Wilde. Também, muitas personagens dos escritos de Fyodor Dostoevsky (escritor russo do séc. XIX) são tipos de Narcisos solitários, tal como Yakov Petrovich Golyadkin em "The Double" (Publicado em 1846).
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
A lenda grega de Narciso conta que ele era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo
Muitas das ideias contemporâneas relativas ao narcisismo podem ser descobertas em estado embrionário no mito clássico de Narciso, ao qual a síndrome vai buscar o seu nome.
A história começa não com Narciso mas com Tirésias, o único de entre os seres humanos a viver ao mesmo tempo como homem e mulher, e que foi por isso chamado por Júpiter e Juno a intervir na sua querela acerca de quem extraía maior prazer do acto sexual: o homem ou a mulher. O voto de Tirésias foi favorável às mulheres. (Embora em algumas versões responda diplomaticamente que, enquanto as mulheres fazem dez vezes a experiência da máxima intensidade do prazer, os homens experimentam-na com uma frequência dez vezes maior!) Juno, numa cólera inexplicável, fere-o de cegueira, ao passo que, para o compensar, Júpiter concede a Tirésias uns olhos interiores, que lhe comunicam o dom da profecia. Ovídio aborda assim os temas narcísicos do prazer corporal, da inveja e da dificuldade de saber o que realmente sentem os outros, especialmente quando nós próprios estamos consumidos pelo desejo.
Narciso nasceu da violação da sua mãe Liriope por Céfiso, deus fluvial. Era extraordinariamente belo de nascença, a tal ponto que vozes invejosas se dirigiram a Tirésias perguntando-lhe como era possível que uma criatura tão bela permanecesse viva. Introduz-se aqui o tema profundo da transitoriedade da beleza e dos laços que unem o narcisismo, a inveja e a morte.
Tirésias responde enigmaticamente: Narciso pode viver muito tempo, a menos que aprenda a conhecer-se a si próprio. O paradoxo gira em torno do a menos que fatal. O terrível dilema do narcisismo é assim elegantemente resumido: o sujeito narcísico está condenado ou a permanecer prisioneiro do mundo de sombras do seu amor por si próprio ou a libertar-se da servidão do auto-desconhecimento (e, implicitamente, da incapacidade de conhecer os outros), mas ao preço da morte. Embora o sujeito narcísico pense apenas em si próprio, nunca poderá por ironia realmente conhecer-se, uma vez que não pode tomar uma posição exterior a si e ver-se como realmente é. Se se revelasse capaz de aceitar o murchar da beleza, então o seu encanto seria digno de celebração; mas, através da sua denegação auto-enaltecedora da realidade da perda e da mudança, essa beleza transforma-se em monstruosidade.
Narciso cresce e torna-se um belo jovem. É causa de muitos amores. Eco vê-o e apaixona-se instantaneamente por ele. Outrora faladora, Eco punida por falar de mais, quando Juno, a sua mãe, a privara do uso da palavra ao descobrir que Júpiter se servia dela, fazendo-a ficar a conversar com a esposa, enquanto se dedicava à perseguição de outras mulheres. Tudo o que Eco podia fazer agora era repetir as palavras que acabasse de ouvir. Como declararia a Narciso o seu amor? Este perde-se um dia nos bosques e chama pelos seus amigos: Vinde a mim. Eco mostra-se então: A mim, a mim, chama ela, por seu turno. Narciso volta-se e foge: Preferiria morrer a deixar que me tocasses. Eco, humilhada, morre lentamente do seu amor perdido, e tudo o que resta dela é a sua voz.
Narciso despedaça corações. Não é capaz de ver o efeito que as suas acções têm sobre os outros. Atrai aduladores e admiradores, eles próprios narcisicamente traumatizados, que põem as suas esperanças na possibilidade de uma glória por reflexo. A deusa-mãe (Juno) de Eco sente tanta inveja da relação desta com o seu deus-pai (Júpiter) que frustra a relação pai-filha tão fundamental para a formação de um narcisismo feminino saudável -- essa relação em que a filha adolescente sabe que o pai a acha bela, ao mesmo tempo, todavia, que mantém o mais absoluto respeito pela sua sexualidade.
Eco, a hipervigilante, transforma-se no espelho do negligente Narciso. Ele é intocável; ela alimenta eternamente o desejo de estar nos seus braços. Ele só pensa em si próprio e é de um egoísmo implacável; ela só é capaz de pensar nele, e a sua auto-estima permanece frágil até à morte. Ele não é capaz de se identificar com os outros e assim transforma as suas vozes na sua própria voz, tornando desse modo mais extensa a sua personalidade; ela não tem voz própria, e está condenada à palidez da imitação. Em termos de apego, a angústia é a marca de ambos: ela agarra-se ansiosamente ao seu objecto, ele mantém-se para sempre à distância.
Muitos outros caem irremediavelmente apaixonados por Narciso. Até que um deles, num movimento terapêutico decisivo, tem a coragem de enfrentar aquele que o atormenta. (Trata-se de um ele -- o que introduz uma sugestão de bissexualidade no mito, como se Narciso não fosse capaz de se contentar com o amor de um sexo só.)
Que Narciso ame e sofra
Como nos fez sofrer a nós
Que ame e saiba, como nós, que não há esperança...
Um dia, ao regressar da caça cheio de sede, Narciso descobriu um lago de água esplêndida e ao debruçar-se para beber:
Uma estranha outra sede, uma ânsia, desconhecida,
Penetrou o seu corpo com a água,
E penetrou os seus olhos
Com a imagem reflectida no espelho...
E como o gosto da água o transbordou
Assim o fez o amor.
Narciso profundamente apaixonado pela sua própria imagem. Mas quanto mais se esforça por se abraçar a si próprio, por beijar os lábios que pareciam subir à tona para o beijar, mais cresce a frustração e o seu mal de amor. Amaldiçoa o seu destino. Separado para sempre do seu objecto de amor, faz pela primeira vez a experiência da perda e da dor. Ei-lo chegado, enfim, ao conhecimento de si próprio:
Tu és eu. Vejo-o agora...
Mas é tarde de mais
É por mim que estou apaixonado...
Estranha prece nova, a do amante
Que deseja a separação do ser amado.
Narciso compreende que tem de morrer: Sou uma flor cortada, que a morte venha depressa. Sente, enfim, compaixão por outrem: Aquele que amei deveria viver. Deveria continuar a viver depois de mim, inocentemente. Mas sabe que é impossível. Quando morre, morrem ele e o si-próprio em que observado se desdobra -- e até mesmo ao atravessar o Letes não resiste a espreitar-se de relance nas águas. Mas, no momento da morte, Narciso transforma-se -- é metamorfoseado -- numa bela flor. Até hoje, o narciso, com as suas pétalas delicadas e a sua fragrância sedutora, continua a prestar homenagem à presciência de Tirésias.
Tirésias, como um bom psicoterapeuta, sabia que para sobrevivermos psicologicamente, temos de superar o nosso narcisismo. Se formos capazes de aceitar que somos transitórios e mortais, seremos capazes de nos transformar -- a nossa auto-estima será segura e seremos contemplados com uma beleza interior. Caso contrário, estaremos condenados à morte em vida ou à morte pura e simples, talvez às nossas próprias mãos, à medida que o nosso narcisismo se for tornando cada vez mais exigente e insistente. Criaremos uma pele grossa por cima da vulnerabilidade que nos fez evitar as relações com os outros. Amando-nos apenas a nós próprios invejaremos os que são capazes de ter relações com os outros, e faremos todos os possíveis por destruí-los, usando a nossa beleza como uma arma.
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega. Narciso era um jovem de singular beleza, filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Indiferente aos sentimentos alheios, Narciso desprezou o amor da ninfa Eco - segundo outras fontes, do jovem Amantis - e seu egoísmo provocou o castigo dos deuses. Ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. A flor conhecida pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde morrera. Em outra versão da lenda, Narciso contemplava a própria imagem para recordar os traços da irmã gêmea, morta tragicamente. Foi, no entanto, a versão tradicional, reproduzida no essencial por Ovídio em Metamorfoses, que se transmitiu à cultura ocidental por intermédio dos autores renascentistas. Na psiquiatria e particularmente na psicanálise, o termo narcisismo designa a condição mórbida do indivíduo que tem interesse exagerado pelo próprio corpo.
Era um zagueiro do Santo e fez um transplante de medula óssea.
Certa vez havia um jovem chamado Narciso, tão belo que muitas virgens donzelas e jovens homens apaixonaram-se por ele. Mas Narciso em nada se envolveria com os comuns. Ele acreditava estar acima de todos os outros e os rejeitava cruelmente.
Um jovem, tendo sido tão maltratado, pediu à Deusa da Vingança, Nemesis, que Narciso conhecesse a dor do amor não correspondido. Nemesis acolheu o pedido e aprovou, e então ficou decidido que Narciso conheceria a dor que causava aos outros.
Enquanto isso, o Deus Júpiter passava o dia a deleitar-se com as Ninfas. Certa vez, quando julgou estar sua esposa, Juno, aproximando-se, enviou uma das Ninfas, Eco, para cruzar o caminho de sua esposa a falar-lhe até que Júpiter tivesse tempo de escapar, de forma que ele não foi pego. Mas Juno percebeu o que havia acontecido e ficou furiosa. Ela jurou que Eco não mais falaria distraindo-a novamente, e tirou a fala da Ninfa, de maneira que ela apenas repetiria as últimas palavras ditas por alguém.
Um dia, Narciso estava caçando com seus amigos e acabou por separar-se deles. Ele desviou-se para uma clareira onde havia um cintilante lago. Eco encontrava-se sentada próxima ao lago e o avistou, apaixonou-se imediatamente. Narciso então gritou para a clareira, "Há mais alguém aqui?" e Eco respondeu, "Aqui!". "Vamos nos conhecer!", replicou Narciso. Eco alegremente respondeu, "Vamos nos conhecer!", e em seguida correu em direção a Narciso. Mas quando ela tentou abraçá-lo, ele recuou com repugnância e disse-lhe numa linguagem áspera que nada queria com ela. Entristecida, Eco fugiu para uma caverna onde desejou Narciso até a exaustão, quando, já exaurida, apenas sua voz remanesceu.
Afrodite, já alertada por Nemesis, indignou-se com o desdém de Narciso para com o amor da Ninfa e decidiu puni-lo. Assim, quando Narciso foi novamente ao lago para refrescar-se, debruçou-se sobre as águas resplandecentes e viu um belo jovem sob ele. Ele nunca houvera visto seu próprio reflexo, e não fazia idéia que aquele jovem era ele mesmo. Apaixonou-se imediatamente pelo rapaz do lago e pensou ser recíproco o seu sentimento. Assim que ele sorriu, o rapaz também sorriu para ele. Quando ele tentou alcançar o jovem, os braços refletidos estenderam-se em sua direção. Mas quando tentou toca-los, as águas ondularam-se e a imagem desapareceu. Ele chorou e lamentou até perceber que se apaixonara por seu próprio reflexo. Mas já era tarde. Ele estava tão profundamente apaixonado que tudo o que podia fazer era ficar onde estava olhado para si mesmo até o esgotamento.
Exausto, Narciso caiu no lago. Quando ele morreu, muitos ficaram de luto, ninguém tanto quanto Eco, que, agora sendo apenas uma voz na caverna, calorosamente repetia as lamentações dos outros. Quando ele finalmente sucumbiu, nada remaneceu, apenas uma linda flor branca e ouro.
A lenda de Narciso, surgida provavelmente da superstição grega segundo a qual contemplar a própria imagem prenunciava má sorte, possui um simbolismo que fez dela uma das mais duradouras da mitologia grega.
Eco e Narciso (1903) por John William Waterhouse.Na Mitologia Grega, Narciso (do Grego Νάρκισσος), era um herói do território de Téspias na Beócia, famoso pela sua beleza e orgulho.
Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídeo, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada entre os papiros encontrados em Nag Hammadi, ou Chenoboskion, também chamada Oxyrhynchus.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na "cama de juncos" em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era a sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
Ele se achava o rei da cocada branca.